Cuidados simples como evitar o acúmulo de entulhos, manter os ralos fechados e a casa sempre limpa podem combater a proliferação de escorpiões. A recomendação é da toxóloga, pediatra e coordenadora do Centro de Assistência Toxológica do Hospital da Restauração (Ceatox), Maria Lucineide Amorim. O número de vítimas de picada de escorpião atendidas no HR chegou a 335 casos em janeiro de 2007, um aumento de 27,8% em comparação com o mesmo período no ano passado, quando chegaram 262 pacientes atacados por escorpiões à unidade.

De acordo com os dados do Núcleo de Epidemiologia (NEPI) do HR, os bairros do Recife mais afetados pelos ataques ano passado são, pela ordem, Nova Descoberta, Boa Viagem, Água Fria, Ibura e Casa Amarela. Do total de casos, 26 foram diagnosticados em pacientes com idade entre um e quatro anos. Maria Lucineide destaca que a vítima deve ser levada o mais rápido possível para o Hospital da Restauração, única unidade do Recife que oferece tratamento especializado de picadas de animais peçonhentos, como cobras, aranhas e escorpião. "A falta de tratamento de uma picada de escorpião em até oito horas pode acarretar complicações respiratórias, cardíacas, neurológicas e, em alguns casos, levar à morte. Não há primeiros socorros que possam ser feitos em casa. Não se deve colocar alho, terra ou fumo no local da picada. O paciente deve ser encaminhado para o hospital e, se possível, trazer o animal".

Os sintomas causados pela picada de escorpião são dor forte no local, vômito, suor excessivo, corpo dolorido, náuseas e, nos casos mais graves, alterações respiratórias. Geralmente, o tratamento, que dura em média seis horas, é feito à base de anestésicos e analgésicos. Nos casos mais delicados, além da medicação comum, é necessária a aplicação do soro antiescorpiônico, enquanto o paciente fica em observação por, no mínimo, 12 horas.

O escorpião é um animal carnívoro com hábitos noturnos e costuma se esconder em lugares escuros e fechados, como sapatos, o que explica a grande incidência de picadas em mãos e pés. A espécie do escorpião Tityus Stignurus, comum em Pernambuco, tem cor amarelada, com marcas escuras pelo corpo, que atinge de seis a sete centímetros quando adulto.