O Hospital Getúlio Vargas (HGV) está de luto. Uma das servidoras mais atuantes do setor de humanização da unidade, coordenadora do Projeto Tom Suave, Elizabete Gentil do Nascimento – ou Bebel Nascimento, como ficou conhecida por todos os funcionários e muitos pacientes de lá – morreu na noite do domingo para a segunda-feira (23 de abril), vítima de parada cardíaca provocada por uma doença genética chamada Síndrome de Marfan. Há 16 anos trabalhando no Getúlio Vargas, estava entre as figuras mais queridas do HGV.

Bebel havia viajado para o Rio de Janeiro para participar de um congresso, no último final de semana, e de lá foi para São Paulo, ao lado da mãe e do padrasto. Ela passou mal no domingo à noite, foi levada para um hospital, mas liberada depois que melhorou. Mais tarde, no entanto, voltou a ficar doente e faleceu.

“Grande perda para o hospital, principalmente para os pacientes que eram beneficiados pelo trabalho que ela desenvolvia aqui. Tinha tanta dedicação, que todos já estão sentindo sua falta”, disse o diretor do HGV, Rômulo Gomes.
Portadora da síndrome que atinge uma em cada 10 mil pessoas e dá uma expectativa de vida de aproximadamente 45 anos e causa complicações nos sistemas esquelético e cardíaco e na visão, Bebel encontrou na humanização do atendimento do Getúlio Vargas a maneira de viver intensamente. Por quase cinco anos, organizou apresentações musicais, a cada terça-feira, para pacientes e funcionários dentro da unidade.

“Ela era recepcionista, mas foi transferida para os Recursos Humanos porque começou a perder a visão, por causa da síndrome. Quando ela chegou aqui, o projeto musical já existia, mas foi ela quem colocou o nome, que foi escolhido em concurso entre os servidores do hospital, e organizou tudo como é hoje”, conta a diretora de Recursos Humanos da unidade, Ivanete Lima.

“Com a perda de Bebel ainda não sabemos quem vai coordenar daqui para frente o Tom Suave porque ela era muito empenhada. Até a chamávamos de cara-de-pau, porque não tinha vergonha alguma de ligar para os artistas, convidando-os para tocar voluntariamente aqui. Uma coisa é certa: o projeto que ela deixou pronto para o aniversário de cinco anos, em julho, será levado adiante”, prometeu Ivanete.

O velório de Bebel Nascimento aconteceu, durante toda a noite da última terça-feira (24/04), no antigo ambulatório do HGV. Os funcionários cuidaram para que tudo saísse como a servidora gostaria que fosse. “Ela sempre disse que não queria ninguém chorando no funeral. Queria música. Por isso, alguns músicos voluntários que participavam do Tom Suave se apresentarão”, revelou. O sepultamento aconteceu às 12h, no cemitério de Paulista.