O Hospital Agamenon Magalhães (HAM) começa o ano com uma ótima notícia. A unidade foi convidada pelo Instituto Nacional de Cardiologia de Laranjeiras (INCL), no Rio de Janeiro, para entrar em um novo estudo em células-tronco. O campo a ser pesquisado agora é o da miocardiopatia dilatada, que é mais conhecida pelo nome de coração crescido. A doença é responsável por deixar o coração grande e cansado, o que compromete as funções vitais do órgão. O INCL é o centro que supervisiona os trabalhos em todo o Brasil.

O coordenador do Laboratório de Terapia Celular do HAM, João Moraes Jr., explica que o convite, feito na semana passada, se deve ao excelente desempenho do hospital nas pesquisas com o infarto agudo do miocárdio. "O Agamenon Magalhães fez uma grande inclusão de pacientes no programa de tratamento com células-tronco em um curto espaço de tempo. Por isso fomos
convidados para participar dessa nova área de pesquisa". Para ele, o novo passo, representa um grande avanço. "Participei da reunião com o grupo no Rio de Janeiro, e isso mostra como nosso estado tem condições de desenvolver pesquisas de ponta. Pernambuco foi o primeiro a abrir um laboratório de terapia celular totalmente público no norte-nordeste. A nossa meta é ampliar cada vez mais o atendimento aos usuários".

Apenas os pacientes que apresentam Insuficiência Cardíaca (IC) há mais de um ano ou que estão com a doença em fases avançadas vão poder fazer o tratamento com células-tronco no HAM. João Moraes afirma que existem algumas restrições ao tratamento. "A doença não pode ter origem no mal de chagas, nem angina no peito. O paciente também não pode apresentar problemas renais, pois esses quadros impossibilitam de se fazer os procedimentos na busca pela cura", esclarece.

A seleção e os exames dos pacientes serão feitos no ambulatório de células-tronco do Agamenon Magalhães a partir de janeiro de 2007. Em fevereiro, o HAM dará início aos procedimentos de implante nos portadores da miocardiopatia dilatada. O convite funciona como uma espécie de selo de qualidade, que confere ao hospital pernambucano investimentos via Ministério da Saúde para avançar nas pesquisas e tratar os pacientes. "Toda a verba será destinada à busca pela melhora da qualidade de vida dessas
pessoas, que hoje vivem uma situação difícil. Quem tem IC não consegue levar uma vida normal, como por exemplo, subir escadas ou fazer uma caminhada mais prolongada", afirma Moraes.

O Laboratório de Terapia Celular do HAM foi inaugurado no último dia 10 de outubro. Ele é composto de duas salas, sendo uma para acompanhamento dos doentes e armazenamentos dos procedimentos, equipada com um computador, e a sala da pesquisa em si. O laboratório está entre outras 27 instituições públicas e privadas do país incluídas na pesquisa, capitaneada pelo Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras, do Rio de Janeiro. Na época a Secretaria Estadual de Saúde fez um investimento de R$ 250 mil para viabilizar a construção e a compra dos equipamentos para a unidade de terapia celular do hospital.

NÚMEROS - Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças cardíacas são a maior causa de mortalidade no planeta. Dos 57 milhões de óbitos anuais no mundo, mais de 20 milhões são provocados pelas cardiopatias. Sem ter qualquer preferência por determinada classe social, faixa etária, raça e sexo, o mal segue a mesma tendência em Pernambuco. Estatísticas da Secretaria Estadual de Saúde (SES) mostram que, a cada ano, 14.500 pessoas tornam-se vitimas fatais das doenças do coração, sendo 42 óbitos por dia.