Os funcionários do Hospital Miguel Arraes (HMA), em Paulista, participaram de uma capacitação, na segunda (23.10) e terça-feira (24.10), sobre o nome social e a humanização no atendimento à população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). O objetivo foi qualificar os profissionais em níveis de atenção à saúde desse público, obedecendo à Portaria nº 060 de 11 de março de 2015, da Secretaria Estadual de Saúde (SES), que versa sobre a saúde integral de LGBTs em Pernambuco, primeiro Estado do Brasil a implantar uma política e coordenação específicas para essa parcela da população.
 
Para falar sobre o assunto foi convidado o coordenador de Saúde Integral da População LGBT da SES, Luiz Valério da Cunha. De uma forma bastante descontraída, o coordenador repassou conceitos, exemplificou casos e respondeu perguntas. A capacitação foi aberta na segunda-feira pelo superintendente do HMA, o cirurgião geral Petrus de Andrade Lima, que agradeceu a presença da equipe da SES no hospital e destacou a importância do assunto dentre os funcionários.
 
Luiz Valério iniciou a palestra destacando o conceito de gênero e desconstruindo teorias histórico, social e culturalmente construídas, como as cores azul e rosa para definir homem e de mulher. “O gênero é o masculino e o feminino e tem a ver com a cabeça. Não se identifica com o sexo biológico, aquele que nos foi atribuído quando nascemos”, explicou. Conceitos de cisgênero (que se identifica com o gênero e o sexo biológico) e transgênero (que não se identifica com o gênero que lhe foi atribuído) foram discutidos. A orientação sexual, que está relacionada ao desejo, também foi outro assunto em pauta.  
 
E como identificar a população LGBT nas unidades de saúde? Além do nome social, que deve constar no Cartão do SUS, Luiz Valério alertou para o respeito à aparência do paciente e para uma pergunta básica, que pode evitar qualquer tipo de constrangimento: “como você gostaria de ser chamado?” A partir daí, o atendimento será mais fácil para ambas as partes, tanto para o paciente quanto para o funcionário. E chamou atenção para a questão da curiosidade: “o atendimento aos LGBTs não é motivo de curiosidade, mas sim de inquietação. Vamos lembrar que ele já é vítima de todo um preconceito da sociedade e está ali, na unidade de saúde, procurando ajuda para uma dor, um incômodo, uma doença. Não para ser colocado numa vitrine e apreciado como um objeto”, destacou.
 
Luiz encerrou sua palestra de quase 2 horas pedindo para que todos saíssem com o olhar do cuidado com o outro, com mais afeto. Nos dois dias de palestra, foi expressiva a participação dos funcionários com dúvidas e perguntas.