A temática da edição desta segunda-feira (14.08) do Cinema no Hospital envolveu arte e a loucura. Para tratar disso, foi exibido o filme Nise - O coração da loucura, do cineasta Roberto Berliner e estrelado por Glória Pires. A iniciativa acontece todo mês no auditório do Hospital Agamenon Magalhães (HAM). A entrada é gratuita e aberta para a equipe do hospital, pacientes, acompanhantes e o público em geral.

O filme traz a história da psiquiatra Nise da Silveira, que, na década de 1950, propôs uma nova forma de tratamento para pacientes psiquiátricos, eliminando o eletrochoque e lobotomia e trazendo a arte para o processo terapêutico.  Após a exibição do longa, foi promovido um debate com o cantor e compositor Gonzaga Leal, que conhece bem o trabalho de Nise da Silveira junto aos pacientes psiquiátricos no Hospital Municipal Pedro II, no Rio de Janeiro.

“Eu costumo dizer que Nise foi uma das grandes brasileiras do século XX. O trabalho que ela desenvolveu no Museu de Imagens do Inconsciente, sediado no Hospital Pedro II, foi um trabalho de bravura, valentia, paixão e ousadia. O filme é um pequeno recorte da vida de Nise e mostra uma mulher valente, e que através do trabalho denunciou o que havia de desumano no hospital. Trabalhei com ela por três anos dentro do hospital, e posso dizer que não seria o que sou hoje, inclusive como artista, se não a tivesse conhecido. Uma mulher que acredita que um louco possa se transformar em artista”, destacou o cantor e compositor, Gonzaga Leal. O artista é autor do livro Guardados de Gaveta, uma reunião de cartas trocadas com a psiquiatra.

 

O projeto Cinema no Hospital, que completou seis anos, é uma iniciativa da psicóloga, psicanalista e cineasta Isabela Cribari. Teve início no Hospital Barão de Lucena, em 2011. Desde agosto de 2016 é realizado mensalmente no HAM. Só neste ano, já foram exibidos filmes para discutir temas como autismo (A céu aberto), cuidados paliativos (Uma passagem para Mário), questões sobre maternidade (Mãe só há uma) e sobre relações sociais e familiares (Que horas ela volta?).

“Por ter uma relação muito próxima com a cultura, busco trabalhar esses dois caminhos de forma próxima. A partir de 2011, passamos a pensar como a cultura poderia ampliar as relações, a formação e discutir a vida na perspectiva da saúde. O Programa Cultura é Saúde tem como carro-chefe o Cinema no Hospital, projeto aprovado como de educação permanente, onde nossos residentes de psiquiatria, psicologia, estagiários e demais profissionais são convidados a discutir temas selecionados e com foco na saúde a partir de um filme, com a presença de palestrante que ajudam a coordenar o debate. É um projeto aberto a todos. Cada um tem espaço para falar do seu lugar, tanto pacientes usuários do Sistema Único de Saúde, como médicos e artistas, cada um vendo a situação de acordo com sua perspectiva, o que enriquece o debate”, explicou a coordenadora Cinema no Hospital, Isabela Cribari.