Esta semana, a equipe de ginecologia e obstetrícia do Hospital Dom Malan/Imip de Petrolina realizou o segundo procedimento de amniodrenagem em uma paciente de alto risco que apresentava síndrome de transfusão feto-fetal gemelar. Isso acontece quando um dos bebês passa mais sangue para o outro, ficando uma bolsa com excesso de líquido amniótico e a outra com uma quantidade pequena.

A falta de um tratamento adequado, nesses casos, pode resultar em parto prematuro devido ao rompimento da bolsa por pressão e prejuízos à mãe, que pode reproduzir o que está acontecendo com os bebês dentro do útero.

Segundo o médico especialista em medicina fetal do HDM, Marcelo Marques, o trabalho da assistência e a realização da amniodrenagem faz toda a diferença nessas situações. “Com o procedimento nós conseguimos drenar o excesso de líquido amniótico, dando condições à mãe de prosseguir com a gestação até um período mais seguro para os bebês. Dessa forma eles ganham peso e nós melhoramos a condição de nascimento, diminuindo assim as chances de sequelas e aumentando a perspectiva de sobrevida”, esclarece.

O primeiro procedimento desse tipo foi realizado no segundo semestre do ano passado no hospital. O caso clínico foi considerado um case de sucesso, apresentado nesta quarta-feira (26), durante a reunião materno-infantil do HDM. “Temos uma reunião clínica mensal da gineco/obstetrícia e pediatria, da qual participam médicos, preceptores, residentes e internos, com o objetivo de discutir e revisar casos clínicos que passaram pelos dois serviços aqui no Dom Malan. Por coincidência, esse mês o estudo apresentado foi justamente relativo à primeira amniodrenagem”, destaca Marcelo.

Ainda sobre o procedimento pioneiro, o médico ressalta que o resultado surpreendeu a todos com uma regressão total do quadro de transfusão feto-fetal. “Geralmente nós precisamos repetir a amniodrenagem de tempos em tempos para retirada do líquido, mas, no caso do relato apresentado, com apenas uma sessão nós conseguimos melhorar consideravelmente a condição da mãe e dos bebês. Esperamos ter o mesmo sucesso com a nova paciente, apesar do quadro ser diferente, pois ela apresenta uma gestação de apenas 23 semanas e uma quantidade maior de líquido. A paciente continuará internada no alto risco e será acompanhada até o parto. Se necessário for, outras sessões de amniodrenagem serão indicadas”, explica Marcelo.

Com relação à discussão dos casos entre a gineco/obstetrícia e pediatria, o profissional destaca a importância da troca. “O aprendizado é mútuo e exponencial, pois determinadas condutas das equipes podem ser moldadas a partir de momentos como esse. Como costuma falar Dra. Angélica, que é a diretora de Ensino e Pesquisa do HDM, o obstetra é o primeiro pediatra do bebê, pois ele melhora as suas condições de nascimento. Desse modo, precisamos nos ver como parceiros e aprender uns com os outros. Isso enriquece o nosso trabalho e melhora a assistência prestada ao usuário”, finaliza.