Cinco Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) pernambucanas estão participando de um projeto da Sociedade Beneficiente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês, em parceria com o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), do  Ministério da Saúde (MS), para identificação precoce, combate e tratamento contra a sepse, também conhecida como infecção generalizada. O programa, voltado para profissionais de saúde que atuam nos serviços, conta, ainda, com o apoio do Institute for Healthcare Improvement (IHI) e do Instituto Latino Americano da Sepse (ILAS), responsáveis pelo acompanhamento dos resultados a serem apresentados pelas UPAs. A expectativa é que as atividades tenham duração de cerca de um ano e meio, com estimativa de conclusão em 2020. No total, 60 UPAs foram selecionadas pelo MS para o "Projeto de identificação e tratamento prococe da sepse nas UPAS (24h) em pacientes adultos".

De Pernambuco, participam as UPAs de Curado, Ibura, Imbiribeira, Nova Descoberta e Barra de Jangada. O objetivo principal do projeto é capacitar as equipes para implementação e aplicação adequada e efetiva de protocolos locais que permitam aumentar o reconhecimento da sepse, seu diagnóstico e tratamento precoces em pacientes adultos. Dessa forma, é possível aplicar as chamadas "medidas imediatas", descritas como ações que impactam nos desfechos clínicos dessa síndrome. Os representantes das UPAs participam de aulas virtuais, presenciais e visitas in loco, além receberem suporte técnico permanentemente. 

"Esta semana, participamos de um treinamento presencial com a organização do projeto e recebemos mais uma série de orientações para as próximas etapas do programa. A proposta do projeto é que, até o final de 2020, as unidades possam identificar em até uma hora, cerca 95% dos pacientes com risco de sepse para condução imediata aos tratamentos adequados. É importante que as equipes multiprofissionais entendam que as UPAs são a porta de entrada desses pacientes. Os profissionais devem ser capacitados e sensibilizados para seguir corretamente os protocolos", comenta o coordenador da UPA Curado, uma das integrantes do projeto, Tadeu Grando. 

Entre as medidas que serão implantadas estão o rastreamento da condição de casos suspeitos; a implementação de protocolo para administração precoce de antibióticos; e o treinamento de equipe de alta performance capacitada para abordagem da sepse. A capacitação inclui também orientações sobre as medidas desejáveis (coleta de culturas, exames laboratoriais, administração de antibióticos, reconhecimento das falências orgânicas e seu tratamento) que, quando empregadas adequadamente, contribuem para evitar a mortalidade.

Além das unidades pernambucanas, integram o projeto UPAs de mais 14 estados brasileiros e o Distrito Federal. São eles: Alagoas (três unidades), Bahia (seis unidades), Ceará (seis unidades), Distrito Federal (uma unidade), Espírito Santo (duas unidades), Goiás (seis unidades), Maranhão (uma unidade), Minas Gerais (dez unidades), Pará (três unidades), Piauí (duas unidades), Paraná (cinco unidades), Rio de Janeiro (duas unidades), Rio Grande do Sul (três unidades), Santa Catarina (duas unidades) e São Paulo (três unidades).

SEPSE - A sepse, conjunto de infecções graves no organismo é uma das principais causas de morte nas UTIs, sendo responsável por cerca de 55% das mortes nos hospitais brasileiros. Cerca de 30 a 50% dos pacientes sobreviventes de sepse têm graves comprometimentos da qualidade de vida, com sequelas relevantes. Por isso, o estabelecimento de protocolos que possibilitem o reconhecimento precoce da infecção generalizada e a adoção de estratégias iniciais que podem melhorar o desfecho intrahospitalar, impacta a qualidade de vida em longo prazo, uma vez que impedem o desenvolvimento ou a severidade das falências orgânicas que acompanham frequentemente a sepse.

No Brasil, boa parte do atendimento de urgência/emergência se dá nas unidades de pronto-atendimento (UPAs). As UPAs fazem parte da Política Nacional de Urgência e Emergência, lançada pelo Ministério da Saúde em 2003, que estrutura e organiza a Rede de Urgência e Emergência (RUE) no país.