Setecentos profissionais de saúde vão se reunir no auditório do Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (Imip), nesta quinta-feira (20.07), das 8h às 17h, para discutir o atendimento às vítimas de violência sexual. Entre os temas que serão abordados na capacitação, estão a importância dos registros de notificação compulsória da violência, Lei Maria da Penha, aborto legal, acolhimento humanizado e medidas preventivas de preservação da saúde da vítima.
 
O tema vem sendo discutido, há um ano, pela Gerência de Atenção à Saúde da Mulher da Secretaria Estadual de Saúde (SES) com a finalidade de otimizar o trabalho desenvolvido na rede de atendimento à pessoa vítima de violência sexual no Estado. O trabalho abrange diversos setores, como Saúde da Mulher, do Homem, da Criança, do Idoso e da População LGBT.  O objetivo é capacitar todas as unidades de referência do Estado para o correto atendimento a essa população. 
 
De janeiro deste ano até o dia 17 de julho, os hospitais pernambucanos notificaram 613 atendimentos a vítimas de violência sexual, sendo 575 delas do sexo feminino e 38 do sexo masculino. As principais unidades notificadoras foram o Hospital Agamenon Magalhães (Serviço de Apoio à Mulher Wilma Lessa – Recife), o Hospital Dom Malan (Petrolina), o Imip (Recife), o Hospital da Mulher do Recife (Centro de Atenção à Mulher Vítima de Violência Sony Santos – Recife) e o Hospital Jesus Nazareno (Caruaru).
 
“A pessoa vítima de violência sexual, seja mulher ou homem, precisa ser acolhida nos serviços de saúde e os profissionais devem estar aptos para seguir o protocolo de atendimento clínico, tanto para a parte física quanto para evitar as infecções sexualmente transmissíveis. A vítima também precisa saber que, além da denúncia policial, indispensável para a construção de políticas públicas, há serviços que podem acolhê-las e que isso é essencial para sua saúde”, explica a gerente de Atenção à Saúde da Mulher da SES, Leticia Katz.
 
A gerente ressalta que, em alguns casos, após a violência sexual, é preciso seguir o protocolo que inclui o coquetel para as infecções sexualmente transmissíveis, como HIV, e os exames subsequentes. No caso de vítima feminina, ainda é feito o contraceptivo de emergência e, se necessário, o aborto previsto em lei. Todas as medidas são rigorosamente analisadas pelos médicos e equipes de plantão. “Cada público tem um protocolo de medicamentos específicos, que deve ser seguido pelos profissionais de saúde”, ressalta.
 
Outro tema da capacitação é o acolhimento à criança vítima de violência sexual, para que os profissionais possam identificar os sinais desse agravo e, com isso, prosseguir com o protocolo de atendimento. De acordo com a médica Carmelita Maia, que atua na Policlínica Lessa de Andrade, nem sempre é possível fazer o tratamento profilático nesse público, devido ao tempo de ocorrência do caso.
 
“Só é possível tomar todas as medidas profiláticas se a criança chegar ao serviço em até 72 horas após a ocorrência. Ultrapassado esse período é preciso realizar todos os exames necessários para saber se a vítima foi infectada com alguma doença, como HIV e sífilis. Em caso positivo, o tratamento deve ser iniciado”, ressalta a médica, que também reforça a importância do acompanhamento ambulatorial interdisciplinar da criança e de seus familiares.
 
SERVIÇOS – Em todo o Estado, há diversas unidades de referência que realizam o atendimento integral às vítimas de violência sexual. São elas:
 
I GERES: Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam – Pró-Marias) – Recife; Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) – Recife; Hospital da Mulher do Recife (Centro de Atenção à Mulher Vítima de Violência Sony Santos) – Recife; Hospital Agamenon Magalhães (Serviço de Apoio à Mulher Wilma Lessa) – Recife; Hospital e Maternidade Petronila Campos - São Lourenço da Mata; Maternidade Arnaldo Marques  - Recife; Maternidade Bandeira Filho – Recife; Unidade Mista Prof Barros Lima – Recife.
 
IV GERES: Hospital Jesus Nazareno – Caruaru.
 
VII GERES: Hospital Regional Inácio de Sá – Salgueiro.
 
VIII GERES: Hospital Dom Malan – Petrolina.
 
XI GERES: Hospital Professor Agamenon Magalhães – Serra Talhada.