A Secretaria Estadual de Saúde (SES) dá mais um passo na assistência às crianças com Síndrome Congênita do Zika (SCZ/microcefalia). Na manhã desta terça-feira (20.03), cerca de 20 meninos e meninas passaram por reavaliação ortopédica no Hospital Getúlio Vargas (HGV) para verificar as indicações para aplicação de toxina butolínica (botox). A expectativa é que as aplicações comecem no início de abril, também no HGV.
 
O objetivo da toxina butolínica é evitar ou amenizar deformidades ortopédicas e rigidez muscular, além de auxiliar no processo de reabilitação física dessas crianças. “A aplicação é feita com anestesia local e de forma ambulatorial, liberando o paciente logo em seguida”, afirma o ortopedista Epitácio Rolim, que ainda reavaliará outras 30 crianças. O ortopedista também está à frente das cirurgias ortopédicas dessa população, que estão sendo realizadas no Hospital Maria Lucinda.
 
O Núcleo de Apoio às Famílias de Crianças com Microcefalia da SES tem auxiliado no processo de atendimento dessas crianças, orientando as mães sobre os trâmites e as documentações necessárias. “Estamos em contato permanente com essas famílias para auxiliar nas demandas que forem surgindo. A SCZ/microcefalia é algo novo na literatura médica e, por isso, estamos atentos para ir adequando a assistência e para ofertar o tratamento específico”, afirma a coordenadora do Núcleo, Laura Patriota.
 
Além da aplicação da toxina butolínica, outras ações já foram efetivadas para as crianças com microcefalia, como a oferta da especialidade de gastropediatria e medicamento para evitar convulsões. Além disso, a rede de assistência saltou de 2 unidades de referência, que já funcionavam antes da mudança do padrão da doença, para 32, sendo 25 com serviços específicos de reabilitação – pelo menos uma em cada uma das 12 Regionais da Saúde (Geres) do Estado.
 
DADOS – Desde 2015, a SES confirmou 437 casos de Síndrome Congênita do Zika/Microcefalia.
 
NÚCLEO DE APOIO ÀS FAMÍLIAS – Com o intuito de coordenar e monitorar o trabalho relacionado às famílias e crianças com microcefalia, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) instituiu, em maio de 2016, o Núcleo de Apoio às Famílias com Microcefalia. Formado por uma equipe de 13  assistentes regionais distribuídos nas 12 Regionais da Saúde, 1 assistente e 1 coordenador no Nível Central, é responsável por monitorar e acompanhar, de modo regionalizado, as crianças notificadas durante toda a linha do cuidado, além de prestar apoio às famílias e desenvolver estratégias para garantir seus direitos.
 
O monitoramento dos pacientes envolve todos os casos notificados como suspeitos de microcefalia, mesmo aqueles que já foram descartados. Nestes casos, o acompanhamento deve perdurar por, pelo menos, cinco anos. No caso das crianças que ainda não tiveram diagnóstico fechado, o Núcleo trabalha para agilizar a investigação, seja orientando os familiares sobre o fluxo necessário, ou realizando mutirões de atendimento para essas crianças.