Para finalizar a Semana Estadual de Incentivo à Doação de Órgãos, a Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE) realiza um adesivaço, às 9h desta quarta-feira (03/06), em frente ao Hospital da Restauração (HR), em ambos os lados da Avenida Agamenon Magalhães. O objetivo é chamar a atenção dos condutores para a causa e propagar a mensagem “E se fosse com você, doação de órgãos ainda não seria um problema seu?”.
 
“Todo mundo pode se declarar como doador de órgãos. Precisamos que a população saiba a importância de se predispor para esse ato de solidariedade e converse com seus familiares sobre o assunto, tire suas dúvidas e mitos. Um doador pode ajudar até sete pessoas que estão na fila de espera por rim, fígado, pâncreas, coração ou córnea, e que só terão uma vida plena após um transplante”, diz a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes.
 
Atualmente, o principal entrave para efetivar a doação de órgãos é a negativa familiar, o que ocorre em 56% dos casos. Isso significa que, em média, de cada dez potenciais doadores, apenas quatro efetivam o ato. “Precisamos disseminar o significado da morte encefálica e que seu diagnóstico segue um rígido protocolo para a confirmação. Além disso, a população precisa saber que o corpo do ente querido é entregue íntegro para que sejam realizadas as cerimônias de despedida”, ressalta Noemy.
 
DADOS – Entre 1995 e 2014, a CT-PE conseguiu tornar realidade 14.492 transplantes. Nos primeiros dez anos, de 1995 a 2004, foram 3.425 procedimentos. Já na segunda década (de 2005 a 2014), o número subiu para 11.067, um aumento de 323%. Desde 2012, quando houve o recorde no número de doações (1.690) da Central, os índices vêm diminuindo: foram 1.551, em 2013; e 1.405, em 2014. Um dos principais motivos disso foi a fila de córnea, que está zerada.  “Conseguimos possibilitar transplante de córnea com até um mês do cadastro do paciente. Mas ainda há outras filas precisando de maior empenho da sociedade. Por isso a reflexão:  e se fosse com você ou com algum parente, a doação de órgãos não seria um problema seu?”, indaga a coordenadora da CT-PE.
 
TRANSPLANTES EM 2015 – De janeiro a abril, foram realizados 367 transplantes, uma queda de 12,41% em relação ao mesmo período de 2014, quando foram efetivados 419. Mesmo assim, a CT-PE comemora o aumento nos transplantes de coração (200%), fígado (19%) e rim (11%), em relação ao mesmo período de 2014.
 
ESPERA – Atualmente, 1.298 pessoas estão na fila de espera por pâncreas/rim (1), coração (6), medula óssea (30), fígado (78), córnea (115) e rim (1.068). No caso da córnea, a CT-PE considera a fila zerada, pois o transplante acontece em até 30 dias da data de inscrição do paciente na fila. “Desde o ano passado, iniciamos um trabalho no Hospital de Câncer de Pernambuco para ampliar as doações do tecido ocular pelos portadores de câncer. Hoje, a unidade é a terceira no número de doações, atrás apenas do HR e do Imip”, diz Noemy Gomes. 
 
RANKING – De acordo com dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), Pernambuco encontra-se no primeiro lugar no Norte/Nordeste, entre janeiro e março de 2015, no número de transplantes de coração, rim e medula óssea.
 
PASSO A PASSO – O primeiro passo para o transplante deve ser dado pela pessoa que deseja ser doador, ao informar à família sobre sua intenção de doar. No caso de morte encefálica do paciente (o cérebro morre, mas o coração permanece batendo por algumas horas), os parentes devem procurar o médico responsável para expressar o desejo de doação. As equipes de captação de órgãos dos hospitais também conversam com as famílias para sensibilizar sobre a causa. Segundo a legislação de transplantes no Brasil, a doação de órgãos só pode ser feita se um familiar de até segundo grau autorizar.
 
A partir da assinatura do termo de autorização, a Central encaminha o órgão para um receptor compatível obedecendo a ordem da lista única do Estado. A decisão deve ser rápida, para que o transplante seja bem-sucedido. Vale salientar que o corpo do doador não fica mutilado e que a idade não determina se alguém pode ou não ser um doador.