Há dez anos, a fila por uma córnea chegava a contar com mais de três mil pacientes, que podiam esperar até cinco anos para fazer um transplante. Desde janeiro de 2013, após esforço conjunto da Central de Transplante de Pernambuco (CT-PE), centros e comissões de transplantes e a própria sociedade, foi possível manter o status de fila zerada, quando um paciente aguarda apenas cerca de 30 dias o procedimento, tempo necessário para a realização dos exames e pareceres pré-operatórios. Contudo, com a diminuição nas doações neste ano, esse quadro pode voltar a se agravar.
 
De janeiro a junho deste ano, foram realizados 255 transplantes de córnea. No mesmo período de 2014 foram 346, uma queda de 26%. “Em 2012, fizemos mais de mil procedimentos e, com isso, conseguimos alcançar o status de córnea zero no início de 2013. Na época, realizamos um mutirão para localizar os pacientes e para atualizar os dados e exames para que os transplantes fossem efetivados. Agora, precisamos que a população converse sobre a doação de órgãos e tecidos, coloque-se no lugar de quem está esperando, pense na importância de ser um doador e não tenha receio de autorizar a doação de um familiar que tenha falecido”, afirma a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes.
 
Atualmente, 185 pessoas estão na fila de espera por uma córnea, 120% a mais do que havia no mesmo período de 2014 (85). A espera, em alguns casos, pode ser de até 60 dias para a realização do transplante. “A principal causa desse aumento na espera ainda é a negativa familiar, principalmente alegando a preocupação com a situação do corpo após a retirada do tecido ocular. Precisamos disseminar para a população que o corpo do ente querido será entregue íntegro aos familiares e que a doação é um ato de solidariedade que dará um novo sopro de vida aqueles que estão na fila de espera”, afirma a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes.
 
DOAÇÃO – Qualquer paciente que falece, seja por morte encefálica ou por parada cardíaca, pode doar a córnea, que, após a retirada, dura até 14 dias. Para que haja a doação, de acordo com a legislação brasileira, um parente de até segundo grau precisa autorizar.
 
SITUAÇÃO – De janeiro a junho de 2015, foram realizados 630 transplantes de órgãos e tecidos em Pernambuco. Isso representa uma diminuição de 5,26% em relação ao mesmo período de 2014, quando foram realizados 655. Apesar da diminuição, a CT-PE comemora o aumento nos transplantes de coração (10 em 2014 e 25 em 2015, um acréscimo de 150%) e de fígado (51 em 2014 e 60 em 2015, um aumento de 18%).
 
FILA – Atualmente, 1.303 pessoas aguardam por uma doação em Pernambuco. A maior fila de espera é a de rim, com 1.003 pacientes, seguida de córnea (185), fígado (76), medula óssea (32), coração (6) e rim/pâncreas (1).
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