Durante todo o ano de 2016, foram realizados 793 transplantes de córnea em Pernambuco. O quantitativo é 34% maior do que os procedimentos realizados em 2015, que totalizam 594. Apesar dos dados animadores, a Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE) ressalta que 281 pessoas ainda estão em fila de espera pelo tecido e reforça a importância da população se declarar como doadora de órgãos e tecidos.
 
“É uma tarefa importante conseguir mobilizar a população para uma causa solidária como a de doação de órgãos e tecidos. Precisamos manter o crescimento nos transplantes de córnea no Estado e continuar informando a população sobre a importância e o significado desse procedimento. A doação de córnea traz mais qualidade de vida e faz com que a visão seja restabelecida em sua totalidade”, afirma a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes. Ela ressalta que qualquer pessoa que falece nas unidades hospitalares são possíveis doadoras de córneas. “As contra-indicações a esse tipo de doação são muito pequenas”, esclarece.
 
A coordenadora ainda explica que, após a retirada da córnea, a equipe de saúde reconstitui a área para manter o formato natural do rosto, para que as cerimônias de despedida possam ser realizadas normalmente pelos familiares. “Um dos medos da população é que seu ente querido, após a retirada de algum órgão ou tecido, fique deformado. Isso é um mito. O corpo é devidamente recomposto”, pondera.
 
BALANÇO – Em 2016, foram realizados 1.431 transplantes em Pernambuco, um crescimento de 6,16% em relação a 2015, com 1.348 procedimentos. Apesar do aumento global, houve queda nos transplantes de coração (-16%), fígado (-7%), rim  (-17%) e medula óssea (-20%).
 
“Quem está em fila de espera por um rim mantém as funções vitais do órgão por meio da hemodiálise. No caso do coração e do fígado, não há máquina que substitua essas funções, apenas remédios para estabilizar o quadro do paciente. O transplante é essencial para que as pessoas que esperam na fila se mantenham vivas. Não há outra alternativa de tratamento”, afirma Noemy Gomes.
 
No caso da medula óssea, a coordenadora ressalta que o transplante é feito entre pessoas vivas: “Todo mundo pode se cadastrar para ser um potencial doador de medula óssea. Basta ir ao Hemope, fazer o cadastro e colher uma pequena quantidade de sangue para a realização dos exames de compatibilidade. Esses dados serão colocados em um banco nacional e pode beneficiar um paciente de qualquer local do Brasil”.
 
Encontrando compatibilidade com um paciente, o potencial doador é chamado para fazer outros exames para que o transplante de medula seja efetivado. “O procedimento é feito por uma equipe especializada em hospital credenciado pelo Ministério da Saúde e o doador tem sua medula totalmente regenerada em poucos dias”, reforça Noemy.
 
FILA DE ESPERA – Atualmente, 1.195 pessoas estão na fila de espera por um órgão e tecido em Pernambuco. Lidera o ranking os pacientes de rim (796), seguidos por córnea (281), fígado (83), medula óssea (18), coração (13) e rim/pâncreas (4).
 
Para mais esclarecimentos sobre doação de órgãos e tecidos, a população pode ligar para o (81) 3412.0205 ou pelo email transplantespe@saude.gov.br.
 
AUTORIZAÇÃO - No Brasil, apenas familiares de até 2º grau podem autorizar a doação de órgãos e tecidos. Em Pernambuco, 48% das potenciais doações não são efetivadas por causa da negativa familiar. "Esse é o principal entrave para diminuirmos a fila de espera. Um único doador pode beneficiar até sete pessoas. Por isso, a importância de debater esse tema na imprensa e levar para dentro das casas dos pernambucanos", diz Noemy.