Entre janeiro e fevereiro de 2019, Pernambuco realizou 93 transplantes de órgãos sólidos (coração, rim, fígado e coração), um a mais que o mesmo período de 2018. Os destaques ficam por conta do aumento em 69% nos procedimentos de fígado (16 em 2018 e 27 em 2019) e 33% de coração (6 em 2018 e 8 em 2019). Também foram realizados 2 transplantes de rim/pâncreas, e 56 de rim (70 no mesmo período de 2018 / - 20%). Apesar dos dados animadores, como Pernambuco ter sido, em 2018, o segundo lugar no Brasil em transplantes de órgãos sólidos por milhão de habitantes, de acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a fila de espera por órgãos e tecidos tem se mantido acima dos 1,1 mil nos últimos anos, reforçando a necessidade de ampliar as doações no Estado.

Quando um paciente é identificado com morte encefálica em uma unidade hospitalar, condição que possibilita a doação do coração, rins, pâncreas, fígado e córneas, as Organizações de Procura de Órgãos (OPO) e as Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTs) entram em ação para conversar com os familiares e dar informações sobre o processo de doação. No Brasil, em 2018, 43% das famílias entrevistadas negaram o processo. Em Pernambuco, o número sobe para 46%, superior a Estados como Paraná (27%) e Santa Catarina (33%). De acordo com a Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), um percentual aceitável de negativas deveria ficar em torno de 30%. Entre janeiro e fevereiro deste ano, o índice está em 36% – foram 47 entrevistas e 17 recusas.

“Nossa cultura ainda não sabe lidar com a morte encefálica. A população não entende que a morte do cérebro é irreversível e significa a morte do paciente, independente do suporte tecnológico e terapêutico manter algumas funções vitais do corpo por mais algumas horas. Nossa missão é difundir informações para os pernambucanos não apenas no momento da entrevista familiar, mas fazer com que a população discuta em vida esse tema. Quando o indivíduo declara a seus familiares que é um doador, a decisão em um momento de dor fica mais fácil. E esse sim é indispensável para dar qualidade de vida aos mais de 1 mil pacientes em fila de espera atualmente por órgãos e tecidos”, afirma a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes.

“Além disso, também focamos na capacitação permanente dos profissionais de saúde para que a população encontre equipes habilitadas para conversar com ela e para explicar todo o processo da doação na hora da morte de um parente”, finaliza Noemy. No Brasil, a doação só pode ser efetuada com a autorização de um familiar de até segundo grau.

Segundo a coordenadora, um dos mitos relacionados à doação de órgãos está em como o corpo do doador será entregue à família. “Após a retirada dos órgãos ou tecidos, a equipe médica faz todo o procedimento para que o corpo seja entregue íntegro para que as cerimônias de despedida possam ser realizadas normalmente. Também trabalhamos para que todo o processo ocorra no menor tempo possível”, pontua a coordenadora. Ela ainda lembra que o diagnóstico e a confirmação da morte encefálica são norteados por critérios rígidos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que atualizou em dezembro de 2017 sua resolução para dar ainda mais segurança ao trabalho dos profissionais envolvidos e ao diagnóstico dos pacientes.          

TECIDOS – Em 2019, Pernambuco realizou 32 transplantes de medula óssea (34 em 2018 / - 6%) e 115 de córnea (127 em 2018 / - 9%).

FILA DE ESPERA – Atualmente, 1.164 pacientes aguardam por um órgão ou tecido em Pernambuco. A maior fila é por rim (898), seguida de córnea (117), fígado (110), medula óssea (16), coração (13) e rim/pâncreas (10). “Principalmente no caso do fígado e do coração, o paciente realmente está em uma corrida contra o tempo, já que o transplante é a única indicação terapêutica para que ele possa continuar vivendo”, frisa Noemy Gomes.

CÓRNEA ZERO – Desde meados de 2017 que Pernambuco mantém o status de córnea zero. Isso significa que todo paciente com indicativo para o procedimento, com os exames realizados, bem de saúde e inscrito na lista, fará o transplante em até 30 dias. “A maioria dos pacientes em fila, hoje, ainda precisa concluir algum exame ou estabilizar o quadro de saúde. Cumprindo com as prerrogativas, temos córneas disponíveis e equipes preparadas para concretizar o transplante”, afirma a coordenadora da CT-PE.

MEDULA ÓSSEA – A Central de Transplantes de Pernambuco ainda lembra que, em vida, é possível ser doador de medula óssea. Basta ir ao Hemope e se cadastrar no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Para doar, é preciso ter entre 18 e 55 anos e levar RG e CPF. Além de uma palestra informativa sobre a doação de medula óssea, será feita a coleta de uma amostra de sangue do possível doador para os testes de compatibilidade. Uma vez no banco de dados, o possível doador pode ajudar alguém em qualquer lugar do Brasil e também do mundo. Atualmente, Pernambuco é primeiro lugar no Norte e Nordeste e quarto no Brasil no transplante desse tecido. Mais informações podem ser obtidas pelo 0800.081.1535.