Pelo segundo ano consecutivo, Pernambuco bate o seu recorde de transplantes de rim. Em 2017, foram realizados 404, enquanto que em 2018 foram 463, um aumento de 15%, além de 5 procedimentos duplos de rim e fígado e 5 de rim e pâncreas. Anteriormente, o ano com maior número de transplante tinha sido 2015 (344). Esse é o órgão mais demandado no Estado, possuindo, hoje, uma fila de espera com 852 pessoas.

“Esse aumento no número de transplantes de rim demonstra que a população tem se conscientizado da importância desse ato de solidariedade que é a doação de órgãos e tecidos. Além disso, ratifica o empenho da Central de Transplantes e de todos os profissionais envolvidos no processo para que os procedimentos se tornem realidade. Temos equipe de referência para captação de órgãos e de transplante de rim que estão à disposição todos os dias do ano para que as pessoas em fila de espera possam ganhar essa qualidade de vida”, afirma a coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), Noemy Gomes.

Além de rim, Pernambuco também bateu o recorde de transplantes de fígado. Ao todo, foram 137 procedimentos, um aumento de 6% em relação a 2017 (129). O recorde anterior tinha sido alcançado em 2012, com 134 transplantes. “O paciente em fila por um rim tem na hemodiálise uma alternativa de tratamento para continuar vivendo. Já quem espera por um fígado tem mais pressa, por não ter uma terapia substitutiva. Precisamos comemorar o aumento e continuar trabalhando para ampliar ainda mais o número de doações e, consequentemente, de transplantes”, frisa Noemy Gomes.

BALANÇO GERAL – Na análise apenas dos órgãos sólidos (coração, fígado, rim e pâncreas), Pernambuco obteve um aumento de 9,6% nos transplantes (652), comparado com 2017 (595). Além dos 463 de rim e os 137 de fígado, foram realizados 42 de coração (54 em 2017 / - 22%), 5 de rim/pâncreas (6 em 2017 / -17%) e 5 de fígado/rim (2 em 2017 / + 150%).

Somado os transplantes de tecidos (córnea e medula óssea), totalizam 1.652 procedimentos em 2018, uma diminuição de 7,7% em relação a 2017 (1.790). De medula óssea foram 225, mesmo quantitativo de 2017, e 775 de córnea (969 em 2017 / - 20%).

A coordenadora da CT-PE lembra que a diminuição nos transplantes de córnea, quando comparados os dados de 2017 e 2018, é decorrente da fila zerada para esse tecido em 2017. “Desde junho de 2017 estamos com o status de córnea zero. Isso significa que todo paciente com indicativo para o procedimento, com os exames realizados, bem de saúde e inscrito na lista, fará o transplante em até 30 dias. Isso é um grande avanço que vem sendo mantido há 1 ano e meio e que diminuiu consideravelmente o número de pacientes que precisam de córnea”, pontua Noemy.

FILA DE ESPERA – Atualmente, 1.128 pessoas estão em fila de espera por um órgão e tecido em Pernambuco. A maior lista é a de rim, com 852 pacientes, seguida de fígado (124), córnea (116), medula óssea (16), coração (13) e rim/pâncreas (7).

NEGATIVA FAMILIAR – Em 2018, as Organizações de Procura de Órgãos (OPO) realizaram 339 entrevistas com familiares de pacientes com morte encefálica. Desse total, 183 autorizaram a doação e 156 negaram. Isso significa que 46% das potenciais doações não puderam ser efetivadas.

A morte encefálica acontece quando o cérebro perde a capacidade de comandar as funções do corpo, como consequência de uma lesão conhecida e comprovada. No caso da morte encefálica, o paciente é um potencial doador de órgãos sólidos (coração, rins, pâncreas e fígado) e tecido (córnea). No caso da morte do coração, o paciente pode doar apenas as córneas.

“A população ainda tem muitas dúvidas e mitos relacionados à morte encefálica. Nas unidades hospitalares, os profissionais de saúde esclarecem aos familiares dos potenciais doadores, mas precisamos difundir esse tipo de informação para que cada pessoa possa decidir em vida se quer ser doador de órgãos e tecidos. Todos precisam ficar cientes que o diagnóstico de morte encefálica segue um rígido protocolo na sua confirmação e que a família receberá o corpo do ente querido íntegro para realizar todas as cerimônias de despedida. Como a doação só ocorre com a autorização de um familiar de até segundo grau, de acordo com a legislação brasileira, precisamos difundir esse tema; tirar dúvidas, mitos e preconceitos; e saber que esse ato pode salvar muitas vidas”, pontua a coordenadora da CT-PE.