Apesar de não ter registrado nenhum caso de transmissão do vírus da febre chikungunya (doença que se contorce) em solo pernambucano, o Estado já confirmou dois casos de pacientes com a doença. Um deles, recifense, foi infectado na República Dominicana e veio a desenvolver a doença no Ceará, onde está sendo tratado e residindo. O segundo caso foi de uma moradora de Petrolina, acometida pela doença no município de Feira de Santana, na Bahia, onde há um surto da nova doença. Outros oito casos foram descartados e quatro encontram-se em investigação, totalizando 14.
 
Para conter a transmissão de casos em solo pernambucano e atender aos pacientes infectados pela doença e pela dengue, ambas transmitidas pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) elaborou o Plano de Contingência da Chikungunya e da Dengue 2015, lançado na manhã desta quarta-feira (19/11). Ao todo, serão investidos mais de R$ 6,6 milhões na compra de materiais, insumos e na capacitação de 5,1 mil profissionais. Além disso, a SES vai custear os leitos que se fizerem necessários para o atendimento integral à população. 
 
“Os casos suspeitos de febre chikungunya são de notificação imediata, que deve ser feita pelo município ao Estado em até 24 horas a partir da suspeita inicial. Além de prestar a assistência necessária ao paciente, o município deverá realizar o bloqueio de transmissão de novos casos, por meio de tratamento focal com larvicidas e perifocal com bombas costais, iniciando no quarteirão de ocorrência do caso e continuando nos quarteirões adjacentes num raio de 300 metros”, afirma a coordenadora do Programa de Controle da Dengue e da Febre Chikungunya, Claudenice Pontes. Ela ainda ressalta que o Estado estará à disposição para prestar consultoria e apoio técnico aos municípios e às Gerências Regionais de Saúde (Geres). 
 
 
“Sentindo algum dos sintomas das doenças, a população pode procurar os postos de saúde, policlínicas e Unidades de Pronto Atendimento para um primeiro atendimento. Em casos mais graves, esses serviços terão unidades de referência para encaminhar o paciente”, ressalta Claudenice. Mais de 3,5 mil profissionais, entre médicos e enfermeiros, de hospitais e UPAs, estão sendo capacitados em manejo clínico para tratar dos pernambucanos. Outros 1,6 mil profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF) também serão trinados. Para confirmação das doenças, o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-PE) está preparado para realizar os exames sorológicos. 
 
Os casos graves de dengue e chikungunya serão tratados nos hospitais Agamenon Magalhães, Miguel Arraes, Dom Helder, Mestre Vitalino, Barão de Lucena, Getúlio Vargas, Otávio de Freitas, Universitário Oswaldo Cruz, das Clínicas, Ruy de Barros Correia, Fernando Bezerra Dom Moura e Regional de Palmares, totalizando 55 leitos. Outros 28 hospitais poderão atuar como retaguarda com mais 100 leitos. Os leitos de UTI serão disponibilizados caso haja necessidade. 
 
AÇÃO – O Plano de Contingência está focado em quatro eixos: vigilância dos casos e controle do vetor; assistência ao paciente; comunicação social, para ampla divulgação sobre as doenças; e gestão integrada do plano, para monitoramento de todas as ações estaduais e municipais. 
 
Para controle químico do vetor, a SES disponibilizará para os municípios materiais de campo, bombas costais e insumos para controle do vetor. Ainda haverá a compra de capas de vedação, que serão distribuídas aos municípios. Também serão disponibilizados 26 mil camisas e bonés aos municípios. “Agentes comunitários de saúde e agentes de endemias precisam atuar junto à população, explicando sobre as doenças e eliminando os focos do mosquito. Sabemos que cerca de 90% dos focos dos mosquitos são encontrados nas residências ou no seu entorno, por isso precisamos do total apoio dos pernambucanos para estimular os cuidados com a água parada e, assim, combater esse mal”, frisa Claudenice. Já a secretária estadual de Saúde, Ana Maria Albuquerque, lembra que o período do verão, por causa dos períodos de sol entercalados com chuvas, são favoráveis à profileração das larvas e do mosquito, por isso a necessidade de antecipar as ações de campo. 
 
 
Na área de mobilização social, serão distribuídos à população e às unidades de saúde 4,2 milhões de cartazes e fluxogramas de atendimento aos pacientes, de folders e filipetas explicativos sobre a chikungunya e a dengue, além de spots de rádio para os municípios. Também foram montados 12 Comitês Regionais de Mobilização para Enfrentamento da Dengue e da Febre Chikungunya, além do comitê central, com reuniões periódicas para avaliar a situação das doenças e os planos de atuação. 
 
LACEN – O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-PE) já está organizado para realizar os testes para confirmação de dengue e chikungunya. No caso da nova doença, são dois os testes que podem ser realizados no laboratório, localizado no Recife. Um deles (PCR) consegue confirmar os casos já no início da enfermidade (até o oitavo dia). Além desse, há o exame sorológico para quando já há a infestação da doença no paciente. No caso da dengue, todas as 12 Regionais de Saúde fazem a sorologia para confirmação da doença.
 
CHIKUNGUNYA – Doença causada por um vírus do gênero alphavirus, transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo Aedes aegypti e Aedes albopictus os principais vetores. É caracterizada por febre alta, dores articulares ou artrite intensa com início agudo, podendo estar associados à cefaléia (dores de cabeça), mialgias (dores musculares) e exantema (manchas avermelhadas na pele).
 
Os primeiros casos de chikungunya ocorreram na Tansânia, leste africano, entre 1952 e 1953, e de lá se espalharam pela África. Na Ásia, os primeiros registros foram entre 2004 e 2005 e no Caribe, 2013. Atualmente, a enfermidade já possui transmissão autóctone em países da África, Ásia, região do Caribe e Brasil (Bahia, Minas Gerais, Amapá, Mato Grosso do Sul). No Brasil, há autóctones na Bahia, Amapá e Minas Gerais. Há também casos importados no Amazonas, Amapá, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima e São Paulo.
 
Casos de chikungunya – Foram notificados 14 casos de febre chikungunya em residentes no estado de Pernambuco, na capital Recife (06), Jaboatão dos Guararapes (02), Olinda (03) e Petrolina (03). Desses, oito foram descartados, quatro encontra-se em investigação e dois foram confirmados (um vindo da Bahia e um vindo da República Dominicana). Até o momento, não há registro de ocorrência de casos autóctones no Estado. 
 
DENGUE – Doença infecciosa causada por um vírus transmitido pelos mosquitos aedes aegypti e aedes albopictus. Seus sintomas são: dor de cabeça, nos músculos, juntas e olhos; manchas vermelhas no corpo e febre alta por cerca de uma semana; vômito, diarreia e falta de apetite. Nos casos mais graves, pode ocorrer dor abdominal, tonturas, desmaios; sangramento nas gengivas, nariz e outros locais do corpo; suor frio, fezes escuras e vômito.
 
Como tratamento, recomenda-se repouso, tomar muito líquido e não ingerir medicamentos com ácido acetilsalicílico (AAS e Aspirina). Ao menor sinal, procurar um posto de saúde mais próximo de sua casa. 
 
Casos de dengue – Até o dia 1º/11, foram notificados 16.390 casos de dengue (5.825 confirmações) distribuídos em 176 municípios. No mesmo período de 2013, foram notificados 16.693 casos, confirmando 4.392 desses. 
 
Os dez municípios com maior incidência da dengue (número de casos por 100 mil habitantes), no período compreendido entre as semanas epidemiológicas 37 e 44, são: Passira (116,91), Itacuruba (107,69), Cabo de Santo Agostinho (81,57), Santa Cruz do Capibaribe (59,85), Toritama (45,10), Lagoa do Ouro (39,42), São José do Egito (39,27), Jataúba (35,97), Condado (31,45), e Jaboatão dos Guararapes (31,08). 
 
Os quatro municípios com o maior número de casos notificados são: Recife (2.277), Salgueiro (1.836), Petrolina (1.650) e Jaboatão dos Guararapes (1.248), totalizando 7.011. 
 
Foram notificados 110 casos de dengue com agravamento, com 99 confirmações. No mesmo período de 2013, foram 69 confirmações. Em relação aos óbitos, foram 58 notificações e 35 confirmações. No mesmo período de 2013, foram notificados 73 óbitos suspeitos, sendo 47 confirmados. 
 
Cuidados importantes para eliminar os focos dos mosquitos:
 
- Mantenha bem tampados caixas d’água, jarras, cisternas, poços ou qualquer outro reservatório de água.
- Mantenha as lixeiras tampadas e secas. Nunca jogue lixo em terrenos baldios.
- Coloque no lixo todo objeto que possa acumular água. O lixo deve ser colocado em sacos plásticos bem fechados.
- Lave os bebedouros de animais com uma bucha pelo menos uma vez por semana e troque a água todos os dias.
- Cubra e guarde os pneus em locais secos, protegidos das chuvas.
- Guarde as garrafas secas de cabeça para baixo e não deixe no quintal objetos que acumulem água.
- Encha os pratinhos de plantas com areia.
- Retire a água acumulada sobre a laje.
- Mantenha as calhas d’água limpas.
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