O laboratório de terapia celular do Hospital Agamenon Magalhães (HAM) foi convidado pelo Instituto do Coração de São Paulo (Incor) e pelo Instituto Nacional de Cardiologia de Laranjeiras (INCL), do Rio de Janeiro, para entrar em uma terceira e nova linha de pesquisa com células-tronco. A área a ser estudada é a de doenças isquêmicas do coração, que são causadas pelo crescimento do órgão através de angina no peito ou infarto agudo do miocárdio. O convite funciona como uma espécie de selo que garante novos investimentos via Ministério da Saúde para a instituição participante.

Com o convite o hospital passa a figurar em um seleto grupo de 12 instituições em todo o Brasil que estão habilitadas a desenvolver o estudo. Com isso, o HAM é a única unidade totalmente pública do Norte-Nordeste a participar dessa área específica. Segundo o coordenador do laboratório de terapia celular do HAM, o cardiologista João Moraes Jr., a inclusão do Agamenon Magalhães se deve ao “reconhecido trabalho que o hospital está realizando com as outras duas pesquisas com células-tronco - infarto agudo do miocárdio e miocardiopatia dilatada - e pela estrutura hospitalar de ponta”.

A meta em todo o País é de transplantar células-tronco, nos casos de doenças isquêmicas do coração, em 300 pacientes. O planejamento feito pelo INCL prevê que as pesquisas para o tratamento de todos os tipos de cardiopatias com células-tronco devem incluir, no total, 1.200 pessoas, subdivididas em quatro linhas. São elas: infarto agudo do miocárdio, miocardiopatia dilatada, doenças isquêmicas do coração e mal de Chagas. Com o início dos transplantes em março, o HAM fará parte das três primeiras.

O procedimento do transplante é feito no momento da cirurgia cardíaca com o implante das células no músculo do coração. Pode participar da pesquisa o paciente que tenha entre 30 e 75 anos e apresente doença da artéria coronária grave e difusa com função comprometida do coração, indicação de cirurgia de revascularização miocárdica e sintomas de dores no peito. O paciente deverá realizar, além do cateterismo cardíaco, exames de cintilografia do coração, ressonância magnética do órgão e exames de sangue.

Não podem participar aquelas pessoas que tenham câncer, mal de Chagas ou ainda que tenha sido internada nos últimos três meses com infarto do miocárdio ou angina. Também estão excluídos pacientes que estejam em tratamento com diálise façam uso abusivo de bebidas alcoólicas.

O HAM vem desenvolvendo estudos na área de infarto agudo do miocárdio desde novembro do ano passado. Em janeiro de 2007, a unidade foi incluída na área de miocardiopatia dilatada e, no mês de março, vai entrar em sua terceira área de pesquisa.

O Laboratório de Terapia Celular do HAM foi inaugurado no último dia 10 de outubro. Ele é composto de duas salas, sendo uma para acompanhamento dos doentes e armazenamentos dos procedimentos, equipada com um computador, e a outra para a pesquisa em si. O laboratório está entre outras 27 instituições públicas e privadas do País incluídas na pesquisa, capitaneada pelo Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras, do Rio de Janeiro. Na época, a Secretaria Estadual de Saúde fez um investimento de R$ 250 mil para viabilizar a construção e a compra dos equipamentos para a unidade de terapia celular do hospital.

NÚMEROS - Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças cardíacas são a maior causa de mortalidade no planeta. Dos 57 milhões de óbitos anuais no mundo, mais de 20 milhões são provocados pelas cardiopatias. Sem ter qualquer preferência por determinada classe social, faixa etária, raça e sexo, o mal segue a mesma tendência em Pernambuco. Estatísticas da Secretaria Estadual de Saúde (SES) mostram que, a cada ano, 14.500 pessoas tornam-se vitimas fatais das doenças do coração, sendo 42 óbitos por dia.