Projeto IntegraChagas-Brasil é lançado na cidade de Iguaracy

Estratégia do Ministério da Saúde visa ampliar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento da doença de Chagas

Estratégia nacional que objetiva ampliar o acesso à detecção e ao tratamento da doença de Chagas no âmbito da Atenção Primária integrada à Vigilância em Saúde no Brasil, o Projeto IntegraChagas-Brasil passa a ser realizado junto ao município de Iguaracy, cidade do Sertão pernambucano, pertencente a X Gerência Regional de Saúde (Geres), considerada uma região endêmica para doença. De 19 a 28 de agosto acontece a Semana de Formação e Lançamento do Projeto, com a presença dos Agentes de Combates Às Endemias (ACEs) e de Saúde (ACS), médicos e enfermeiros daquele território. A ocasião contará com a presença de representantes do Ministério da Saúde e da Fiocruz. O lançamento do IntegraChagas aconteceu nesta sexta-feira (23/08), no Centro de Múltiplo Uso de Iguaracy. 

O diagnóstico da doença, segundo a metodologia do Projeto, será realizado a partir da realização de teste rápido desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sediada no Rio de Janeiro. O Integra Chagas é uma iniciativa do Ministério da Saúde, que além da parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), participam as pastas dos estados de Goiás, Minas Gerais, Belo Horizonte e Bahia.

“Pernambuco sempre foi um parceiro do Ministério da Saúde participando dos Projetos, citando o Projeto Nacional de Notificação no e-SUS da doença de Chagas crônica (DCC). Neste momento, o Projeto Piloto IntegraChagas-Brasil demonstra sua importância principalmente ampliando o acesso à detecção de casos, através do teste rápido, oportunizando o diagnóstico e tratamento antiparasitário, evitando assim as complicações da fase crônica da doença de Chagas, bem como uma abordagem integrada”, destaca a coordenadora estadual da Vigilância da Doença de Chagas, Filariose Linfática, Tracoma e Malária, Gênova Oliveira.

Para a seleção dos territórios, foram consideradas as determinantes sociais do processo de saúde (indicadores sociais, ambientais, econômicos, de desenvolvimento humano municipal e outros); conformação de redes de atenção à saúde (Regionalização da saúde, redes de Atenção Primária à Saúde, Laboratório, Assistência Farmacêutica, referências em doença de Chagas e outros); e Padrões Epidemiológicos e Operacionais de Controle (Morbidade pela doença, estimativa de detecção da doença de Chagas, indicadores entomológicos e outros).

“Iguaracy, assim como outros quatro municípios brasileiros, faz parte dessa estratégia inicial para que a gente possa, a partir daqui, beneficiar outros municípios e outros estados brasileiros. Já tivemos trabalhos de capacitação, já tivemos envolvimento e esperamos que o projeto possa ocorrer da melhor forma possível. Tenho certeza que pelo envolvimento aqui, pelo público presente, pelas percepções da nossa equipe que já está aqui, nós temos certeza que o município vai conseguir e vai trazer bons resultados para a população do município. Essa população que herdou muitas vezes essa doença no passado, que se infectou no passado, é uma doença que está associada a determinantes sociais, então a gente precisa ter um olhar da equidade, a gente precisa olhar para essas populações de forma diferenciada e permitir o acesso. A partir desse acesso é que a gente conseguirá poder dar o melhor atendimento”, frisou o coordenador-geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial, da Secretaria de Vigilância a Saúde do Ministério da Saúde, Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior. 

A X Gerência Regional de Saúde, cuja sede fica no município de Afogados da Ingazeira, teve 349 pessoas reagentes na sorologia (IgG) para DCC e 64 óbitos distribuídos nos 12 municípios que compõem esta Regional. A taxa de prevalência na X Geres foi de 188,7 por 100.000 habitantes e a taxa de letalidade, de 18,3%, no período de 2019 a 2024.

Em relação à prevalência desta Região, cinco municípios chamaram atenção por estarem bem acima da predominância, incluindo Iguaracy com prevalência (803,1/100.000 hab.). A taxa de letalidade no município, no mesmo período, é de 4,5%.

DADOS – Em Pernambuco, entre 2019 a 2024, foram realizados 389 exames diretos através dos métodos direto (para detectar a presença de parasitos – T. cruzi), todos resultaram negativos para o diagnóstico da fase aguda da doença. Também no mesmo período, 8.873 pessoas foram examinadas através da imunologia, ou seja, diagnóstico sorológico, diagnóstico da forma crônica e dessas 1.162 resultaram reagentes para a doença de Chagas (13,10%).

A estratégia de vigilância entomológica e controle vetorial ainda é uma das principais formas de prevenção e controle da doença, diminuindo o risco de transmissão vetorial. Entre os anos de 2019 e 2024, em 129 municípios, 199.436 unidades domiciliares foram visitadas, dessas 9.272 confirmou-se a presença de triatomíneo (vetor) e após o exame nos laboratórios regionais 637 desses vetores estavam infectados com T. cruzi.

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