O que é: 

Serpentes peçonhentas são aquelas que produzem veneno e possuem um aparelho especializado para a inoculação desta substância e glândulas que se comunicam com dentes ocos, por onde o veneno passa ativamente.

Acidente ofídico ou ofidismo é o quadro de envenenamento decorrente da inoculação de toxinas através do aparelho inoculador (presas) de serpentes, levando a alterações na região da picada e à distância. No Brasil, as serpentes peçonhentas de interesse em saúde pública são representadas por quatro gêneros da família Viperidae: serpentes do grupo Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, comboia); Crotalus (cascavel); Lachesis (surucucu-pico-de-jaca); Micrurus (coral-verdadeira). Há muitas espécies de serpentes que não possuem presas ou, quando presentes, estão localizadas na porção posterior da boca, o que dificulta a injeção de veneno ou toxina.

Sintomatologia

  • Acidente botrópico: Na picada por jararaca, a região apresenta dor e inchaço, às vezes com manchas arroxeadas (edemas e equimose) e sangramento pelos pontos da picada, em gengivas, pele e urina. Pode haver complicações como grave hemorragia em regiões vitais, infecção e necrose na região da picada e insuficiência renal.
  • Acidente laquético: Quadro semelhante ao acidente por jararaca, a picada pela surucucu-pico-de-jaca pode ainda causar dor abdominal, vômitos, diarreia, bradicardia e hipotensão.
  • Acidente crotálico: Na picada por cascavel, o local da picada muitas vezes não apresenta dor evidente, apenas uma sensação de formigamento. Dificuldade de manter os olhos abertos, com aspecto sonolento (fácies miastênica), visão turva ou dupla, mal-estar, náuseas e cefaleia são algumas das manifestações, acompanhadas por dores musculares generalizadas e urina escura nos casos mais graves.
  • Acidente elapídico: O acidente por coral-verdadeira não provoca no local da picada alteração importante. As manifestações do envenenamento caracterizam-se por dor de intensidade variável, visão borrada ou dupla, pálpebras caídas e aspecto sonolento. Óbitos estão relacionados à paralisia dos músculos respiratórios, muitas vezes decorrentes da demora na busca por socorro médico.

 

Como tratar: 

Os soros antiofídicos específicos são o único tratamento eficaz e, quando indicados, devem ser administrados em ambiente hospitalar e sob supervisão médica. Não se recomenda o uso de soros fora do hospital, pois a aplicação deve ser feita na veia e, sendo ele produzido a partir do sangue do cavalo, ao ser injetado no organismo humano, pode provocar reações alérgicas que precisam ser tratadas imediatamente. Além disso, é preciso conhecer os efeitos clínicos dos venenos para se indicar o tipo correto e a quantidade de soro adequada para a gravidade.

 

Prevenção

  • Não andar descalço;
  • Usar luvas de couro nas atividades rurais e de jardinagem, nunca colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre pedras;
  • Quando entrar em matas de ramagens baixas, ou em pomar com muitas árvores, parar no limite de transição de luminosidade e esperar a vista se adaptar aos lugares menos iluminados;
  • Não depositar ou acumular material inútil junto à habitação rural, como lixo, entulhos e materiais de construção;
  • Controlar o número de roedores existentes na área para evitar a aproximação de serpentes venenosas que deles se alimentam;
  • No amanhecer e no entardecer, nos sítios ou nas fazendas, chácaras ou acampamentos, evitar a aproximação da vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, pois é nesse momento que as serpentes estão em maior atividade;
  • Proteger os predadores naturais de serpentes como as emas, as seriemas, os gaviões, os gambás e cangambás, e manter animais domésticos como galinhas e gansos próximos às habitações que, em geral, afastam as serpentes.