O que é: 

 

Doença infecciosa aguda, grave, não contagiosa, que acomete o recém-nascido (RN) nos primeiros 28 dias de vida. É conhecido popularmente como tétano umbilical e “mal de sete dias”.  O agente etiológico é o Clostridium tetani, bacilo gram-positivo, anaeróbico e esporulado produtor de várias toxinas, sendo a tetanopasmina a responsável pelo quadro de contratura muscular.

 

O bacilo é encontrado no trato intestinal dos animais, especialmente do homem e do cavalo. Os esporos são encontrados no solo contaminado por fezes, na pele, na poeira, em espinhos de arbustos e pequenos galhos de árvores, em pregos enferrujados e em instrumentos de trabalho não esterilizados. A transmissão ocorre por contaminação, durante a manipulação do cordão umbilical ou dos cuidados inadequados do coto umbilical, quando se utilizam substâncias, artefatos ou instrumentos contaminados com esporos. O período de incubação é de aproximadamente 7 dias (por isso é conhecido por mal de 7 dias), podendo variar de 2 a 28 dias.

 

Sinais e sintomas

 

O coto umbilical pode apresentar-se normal ou com características de infecção, que dura cerca de 2 a 5 dias. O RN passa a apresentar choro constante, irritabilidade, dificuldade para mamar e abrir a boca, decorrente da contratura dolorosa dos músculos da mandíbula (trismo), seguida de rigidez de nuca, tronco e abdômen. Evolui com hipertonia generalizada, hiperextensão dos membros inferiores e hiperflexão dos membros superiores, com as mãos fechadas, flexão dos punhos (atitude de boxeador), paroxismos de contraturas, rigidez da musculatura dorsal (opistótono) e intercostal causando dificuldade respiratória. A contração da musculatura da mímica facial leva ao cerramento dos olhos, fronte pregueada e contratura da musculatura dos lábios como se o recém-nascido fosse pronunciar a letra U.

 

As contraturas de musculatura abdominal podem ser confundidas com cólica intestinal. Quando há presença de febre, ela é baixa, exceto se houver infecção secundária. Os espasmos são desencadeados ao menor estímulo (táctil, luminoso, sonoro, temperaturas elevadas) ou surgem espontaneamente. Com a piora do quadro clínico, o recém-nascido deixa de chorar, respira com dificuldade e as crises de apnéia passam a ser constantes, podendo levar ao óbito.

 

Medidas de Prevenção e Controle
 
A suscetibilidade é universal, afetando recém-nascidos de ambos os sexos. A doença não confere imunidade. A imunidade do recém-nascido é conferida pela vacinação adequada da mãe, que recebeu três doses de vacina antitetânica (mínimo de 2 doses). Se a gestante tomou a última dose há mais de 5 anos, deverá receber um reforço. Para a população não gestante, o reforço deverá ser de 10 em 10 anos.
 
 
O atendimento higiênico ao parto é medida fundamental na profilaxia do tétano neonatal. O material utilizado, incluindo instrumentos cortantes, fios e outros, deve ser estéril para o cuidado do cordão umbilical e do coto. Tal medida será conseguida com atendimento médico hospitalar adequado, ensino de práticas de higiene às parteiras e educação em saúde. As mães e os responsáveis devem ser orientados com relação aos cuidados com os recém-nascidos e o tratamento higiênico do coto umbilical com álcool 70%. É importante enfatizar que a consulta do puerpério constitui em oportunidade para dar orientações e detectar práticas que predispõem a doença, bem como para a atualização do calendário vacinal, tanto da mãe quanto da criança. Além dessas medidas, outras são igualmente relevantes, a saber:
 
 
-Vacinação de 100% das mulheres em idade fértil (12 a 49 anos);
 
-Melhoria da cobertura e da qualidade do pré-natal e da atenção ao parto e puerpério;
 
-Cadastramento e capacitação das parteiras curiosas tradicionais atuantes em locais de difícil acesso, visando eliminar a ocorrência da doença.
 
 
Apesar de não ser uma doença que se transmite de pessoa a pessoa, tão logo tenha conhecimento de caso suspeito ou confirmação de tétano neonatal, deve-se intensificar as ações de vigilância, prevenção e controle da doença, com o objetivo de detectar outros casos ainda não notificados e prevenir a ocorrência de novos casos.