O Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, celebrado nesta quinta-feira (27/07), traz à luz um número infeliz. Uma epidemia silenciosa que, no Brasil, mata uma pessoa a cada 3 horas e 47 minutos - é a quarta maior estatística do mundo. Dado construído por muitos “vilões”, entre eles as longas jornadas de serviço e as condições inadequadas para a realização de tarefas, ao qual a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), junto com a Gerência Estadual de Vigilância Ambiental e em Saúde do Trabalhador, mantém-se alerta. Nesta data, é oportuno reforçar que a SES-PE tem qualificado os bancos de informações relativos aos acidentes de trabalho para embasar as iniciativas de prevenção e  promoção à saúde.

A SES-PE parte da premissa que, para a prevenção dos acidentes de trabalho, é necessário antes uma investigação que revele os motivos que levam as pessoas a se ferirem, bem como distinguir as mais significativas formas de acidentes, que podem, inclusive, levar à morte. Essa informação epidemiológica direciona e possibilita a  priorização da ação do Estado de forma mais eficiente,  permitindo a organização de ações nos ambientes de trabalho, sejam eles privados ou públicos.


Essa análise depurada implica ainda na necessidade de articulação intersetorial, ao lado dos representantes da categoria, do Ministério Público do Trabalho e da Vigilância Sanitária.  “Trata-se de uma análise epidemiológica, que resulta num diagnóstico e, a partir daí, o Estado pode direcionar ações que visem à  prevenção e promoção de saúde para os trabalhadores”, explica o gerente da Vigilância em Saúde do Trabalhador, Paulo Lira.

Um enfoque importante para se dar nesta data é a desmistificação do que se transformou num senso comum: “acidente de trabalho é algo inevitável”. Ao contrário, a maioria ou quase a totalidade é evitável. É necessária, sim, atenção redobrada nas medidas de segurança, baseadas numa hierarquia de ações que se entrelaçam.

“São medidas gerais de eliminação de risco, que passam pelo equipamento de proteção coletiva, pela engenharia, pela administração e pelo uso dos equipamentos de proteção individual (EPI), nesta ordem. Um alerta: só os EPIs não são suficientes para a proteção. É necessário, além da adoção de medidas coletivas, haver treinamento para saber como usá-los”, prossegue Paulo Lira.

Em Pernambuco, a partir das duas fontes de identificação de dados, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan - dados gerais) e o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs - só os acidentes de trabalho graves), evidenciam-se o trabalhador da agricultura e o da construção civil como os mais acidentados, representando 18,3% e 10,6 % dos casos gerais, respectivamente, entre 2007 e 2022, segundo números do Sinan. No mesmo período, no Estado, foram notificados, ao todo, 29.164, com 1237 óbitos.

Esses dados coletados na rede notificadora tornam-se ainda mais importantes quando retornam aos trabalhadores, a fim de que a sociedade entenda a importância da notificação e o que se pode propor de benefícios nessa troca.

Como data temática, que traz o tema à superfície, o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho oferta como ensinamento o desenvolvimento da cultura da prevenção e promoção da saúde nos ambientes de trabalho. Trata-se de um processo contínuo de aprimoramento. “São ensinamentos de uma data, como muitas da Saúde Pública e Coletiva, que possibilitam dar visibilidade à Saúde do Trabalhador e que nos alerta que não podemos nos ater apenas às questões focais”, conclui Lira.