A médica Marília Siqueira participa, de 26 a 29 deste mês, em Coimbra, Portugal, da 14ª Conferência Internacional sobre Saúde Urbana. Ela vai apresentar o trabalho Envenenamento agudo em crianças e adolescentes relatado no Centro de Toxicologia (Ceatox), no Nordeste do Brasil, 2012-2014, que faz parte da dissertação de mestrado da coordenadora do Serviço, Lucineide Porto, e tem como objetivo o traçar o perfil clínico epidemiológico de envenenamento agudo deste referido público nesta região do país.  

“Nós analisamos os casos por características sociodemográficas, tipo de agente tóxico, circunstância, local de ocorrência, tempo até o tratamento iniciado e progressão da doença”, explica a especialista. 

O projeto que será apresentado em Portugal foi aprovado pelo Comitê de Ética do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (Imip) e mostra que as crianças e os adolescentes que tiveram seus casos analisados viviam principalmente na Região Metropolitana do Recife (78,9%) e as circunstâncias acidentais ocorreram em 95,6% dos casos. Em 99,6% dos casos, os menores estavam em casa no momento da exposição.

Ainda segundo o trabalho, o atendimento no serviço de saúde foi realizado após uma hora de exposição em 47,6% dos casos. Houve seis mortes (quatro por pesticida agrícola clandestino "chumbinho" e duas por substâncias químicas industriais).

o envenenamento é uma causa comum de atendimento de emergência e é responsável por milhões de chamadas para centros de toxicologia ao redor do mundo. Nas áreas urbanas, essas demandas são concentradas, seja pela maior proporção da população, ou possivelmente pelo aumento do acesso a esses produtos e às unidades de saúde.

“Os envenenamentos são lesões importantes por sua frequência e morbidade. É necessário instituir medidas educativas e legislativas para prevenir essas doenças, especialmente com as crianças no ambiente doméstico”, conclui.