A Secretaria Estadual de Saúde (SES), em parceria com o Ministério da Saúde (MS), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Fundação Nippon, do Japão, promovem o projeto Abordagens Inovadoras com o objetivo de intensificar esforços para que Pernambuco fique livre da hanseníase. Nesta segunda-feira (25.09), a partir das 14h, na sede da secretaria estadual, no bairro do Bongi, ocorre a primeira reunião envolvendo as instituições com a intenção de planejar e articular as estratégias de combate. O projeto, que também ocorre simultaneamente em outros estados brasileiros, como Mato Grosso, Piauí, Maranhão, Pará e Tocantins, terá duração de três anos (2017-2019). Em Pernambuco, os municípios contemplados serão Recife, Cabo de São Agostinho, Paulista, Olinda e Jaboatão dos Guararapes e a execução das ações devem ser iniciadas em outubro deste ano. 

"O objetivo é aumentar a detecção de casos novos de hanseníase nas áreas selecionadas, visto que estes municípios apresentam elevados número de casos novos, geral e em menores de 15 anos, sendo este o principal critério adotado para a definição das áreas a serem trabalhadas , além de promover a educação permanente para os profissionais da Atenção Primária à Saúde. Estas ações fortalecem o diagnóstico na atenção básica, qualificando os profissionais e a descentralização das ações do programa, e ainda contribui na redução de casos novos identificados com grau de incapacidade física por meio do diagnóstico precoce", pontua a Gerente de Micobactérias da SES, Danyella Travassos. A Região Metropolitana do Recife (RMR) concentra 62% dos casos de hanseníase do Estado e dos casos novos, 4% já apresentam algum tipo de incapacidade em consequência da doença.

Nos últimos anos, a tendência da doença se mantém estável no Estado. Foram diagnosticados 2.722 casos em 2011. Contudo, nos anos de 2012 e 2013 houve um decréscimo, sendo detectados 2.591 e 2.602 casos, respectivamente. Nos anos de 2014 e 2015, a média se manteve e foram diagnosticados 2.570 e 2.384 casos. Já em 2016, foram apenas 1.843 novos casos. "Esta redução se dá justamente pela ausência de busca ativa nos municípios, por isso, a justificativa deste projeto", pontua Danyella.     

DOENÇA - A hanseníase é uma doença infecciosa, transmitida pela pessoa doente para uma sadia pelo contínuo contato, que atinge a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. Ela é transmitida pelo bacilo M. leprae, bactéria que ataca o sistema nervoso periférico e provoca alterações de sensibilidade ao frio/calor, ao tato e à dor. A doença também pode evoluir para perda de força muscular das mãos, pés e olhos. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é longo e varia de dois a cinco anos. É importante que, ao perceber algum sinal, a pessoa com suspeita de hanseníase não se automedique e procure imediatamente um serviço de saúde mais próximo.

Deve procurar o atendimento quem identificar na pele manchas esbranquiçadas ou avermelhadas e até caroços, com alterações de sensibilidade à dor, frio, calor e tato. Dormência ou formigamento nas mãos ou nos pés, ausência ou diminuição de suor na área atingida ou perda de pelos no local também estão entre os sinais. A doença também atinge nervos periféricos, e, se não tratada, pode causar sequelas motoras e incapacidades físicas. 

A doença também atinge nervos periféricos, e, se não tratada, pode causar sequelas motoras. Toda a medicação para hanseníase é gratuita e fornecida pelo MS. A distribuição dos medicamentos trata a doença e impede a sua transmissibilidade. O Hospital Otávio de Freitas (HOF), no bairro de Tejipió, Zona Oeste do Recife e o Hospital Geral da Mirueira, em Paulista, além das 10 UPAE´s, distribuídas em 9 das 12 regiões de saúde, são referência secundárias estaduais, no atendimento aos pacientes de hanseníase em Pernambuco. 

TRATAMENTO - O tratamento é gratuito, padronizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde (MS), e baseia-se na poliquimioterapia. É realizada nos postos de saúde, necessitando que o paciente compareça à unidade uma vez por mês para tomar a medicação (dose supervisionada). O restante dos remédios o paciente deve tomar em casa. O tratamento é complementado com exercícios, para prevenir as incapacidades físicas, e com as orientações da equipe de saúde. Apenas os casos mais graves e com complicações deverão ser atendidos em unidades de referência. O Hospital Otávio de Freitas (HOF), no bairro de Tejipió, Zona Oeste do Recife, e o Hospital Geral da Mirueira, em Paulista, são referências secundárias estaduais no atendimento aos pacientes de hanseníase em Pernambuco.

PROGRAMA - O Programa de Controle da Hanseníase  atua em todo o Estado realizando o assessoramento técnico das ações de controle e acompanhamento da doença nos municípios, através do monitoramento dos indicadores epidemiológicos e operacionais. Atua também na reorganização da assistência de acordo com os níveis de complexidade e promoção de capacitação para os profissionais da rede pública de saúde.