A perda completa e irreversível das funções cerebrais em pacientes que sofreram severos traumas na região do cérebro caracteriza a morte cerebral ou encefálica (ME). Diferente do estado de coma – onde o paciente não se comunica mais, mas mantém a capacidade de permanecer com os batimentos cardíacos e com sua respiração funcionando – na morte encefálica esses órgãos só continuam funcionando porque há aparelhos dando este suporte, até que o diagnóstico de ME seja confirmado e se defina também, juntamente com os familiares, o que vai ser feito a diante com esse paciente. Uma das opções é o transplante de órgãos.

No Brasil, a Legislação do Sistema Nacional de Transplantes (Lei nº 9.434/1997) define que a doação de órgãos após a morte deve ser feita apenas quando há o diagnóstico de morte encefálica do paciente. Se os familiares deste paciente não autorizarem, a doação não poderá ser realizada. “Esse diagnóstico é feito com dois exames clínicos e mais um exame de imagem complementar, feitos por médicos diferentes e em momentos diferentes, que atendem a uma série de critérios pré-estabelecidos. Essas avaliações podem ser feitas após a realização desses três exames compatíveis com o estado de morte encefálica, só a partir deste momento é que podemos alegar que o paciente de fato está morto. É um diagnóstico muito seguro”, afirma a médica da Central de Transplantes de Pernambuco, Karina Monteiro.

O diagnóstico de morte encefálica é obrigatório e a notificação compulsória para a Central de Notificação, Captação e distribuição de órgãos (CNCDO), independente da possibilidade de doação ou não de órgãos e/ou tecidos, de acordo com a Legislação.

Para esses casos, os serviços de saúde contam com a Comissão Intrahospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) e Organização de Procura de Órgãos (OPO) para o monitoramento junto às equipes de saúde e contato com as famílias, visando sensibilizá-las quanto à importância da doação de órgãos e explicar o que significa a morte encefálica.

“Muitos pacientes depois de diversos eventos que acometem o cérebro podem entrar em coma profundo, que o que também podemos chamar de coma vegetativo. No coma vegetativo, o paciente não se comunica mais, mas ele mantém a capacidade de permanecer com os batimentos cardíacos e com sua respiração funcionando. Já no paciente em morte encefálica, esses órgãos só continuam funcionando porque há aparelhos dando o suporte até que se defina o quadro de morte encefálica de forma definitiva”, explica a médica.

“Por isso é tão importante que as pessoas tenham consciência do que é o diagnóstico de morte encefálica e que sejam claras com suas famílias em relação ao seu desejo de doar os órgãos porque é isso que vai poder ajudar, aqui no nosso estado pelo menos, mais de 2 mil pessoas que esperam por transplante para poder viver”, finaliza Karina Monteiro.

A Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE) é responsável por todo o ciclo, desde o diagnóstico de morte encefálica até o procedimento de transplante. É a Central que acompanha cada um desses passos, desde o momento da suspeita de morte encefálica até a confirmação, a abordagem da família, a comunicação com os médicos transplantadores e o contato com o Sistema Nacional de Transplantes para poder eleger, de acordo, de acordo com a fila de espera, que é uma fila única em todo o Brasil, quem será o paciente transplantado em caso de doação.