Uma rodada de discussão voltada exclusivamente para os servidores foi a forma que a Secretaria Estadual de Saúde (SES) encontrou para colocar em pauta o crime de abuso sexual infantil. Cerca de 30 profissionais, entre técnicos de DST/Aids, Saúde da Mulher e Epidemiologia, compareceram no último dia (17/05), pela manhã, ao evento realizado no auditório da SES.
     Com as palestras da pediatra Luiza Costa, do Hospital da Restauração, e da ginecologista Graça Ferreira, também técnica da Gerência de Atenção à Saúde da Criança, os servidores discutiram sobre o quadro atual do abuso sexual infantil no Estado e as ações de enfrentamento ao problema. “A situação está preocupante”, alertou o gestor de Atenção à Saúde da Criança, Jailson Lopes de Sousa. “Em nosso Estado, os principais focos se concentram no Sertão do Araripe onde garotas chegam a vender o corpo por 50 centavos”, disse.
     Após as palestras, os servidores também puderam acompanhar uma peça teatral do grupo artístico da comunidade Dancing Days, localizada na zona sul do Recife. As meninas procuraram mostrar como efetivamente ocorre o abuso sexual, com suas causas e conseqüências. A peça foi, segundo o grupo, inspirada em uma história real acontecida com uma das primas das garotas. “Queremos quebrar o silêncio e mostrar às pessoas como é a realidade”, salientou a jovem atriz Flávia Delgado.
Caminhada – No dia 18/05, Dia Nacional de Combate ao Abuso Sexual, instituído pela lei federal 9970/00, foi realizada uma caminhada pelas principais vias do centro do Recife para alertar a população sobre a importância de se discutir o assunto em sociedade. A concentração do evento, organizado pelo Conselho de Defesa dos Direitos das Criança e do Adolescente (CEDCA), com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde (SES), saiu do Parque 13 de Maio, na Boa Vista.
     O Dia Nacional de Combate ao Abuso Sexual foi instituído em memória do “Crime Araceli”, que chocou todo o País na época. O crime ocorreu com uma garota de oito anos, que foi estuprada e assassinada em 1973, na cidade de Vitória, no Espírito Santo. Durante toda a semana, seminários e mobilizações lembraram e discutiram esse problema no Estado, estudando índices e planejando ações na luta contra esse mal que interfere e seqüela o desenvolvimento psicológico e social dos jovens.