Dança e arte promovendo bem estar, derrubando barreiras e vencendo o preconceito. Desta forma, pacientes e servidores do Hospital Ulysses Pernambucano, localizado na Tamarineira, zona Norte do Recife, celebraram o dia 18 de maio, data instituída como Dia Nacional da Luta Anti-manicomial.
     Cerca de 50 pessoas, entre pacientes, familiares, funcionários do hospital e moradores da comunidade, pintaram, juntas, um painel gigante. Tintas e pincéis serviram de ferramenta para elas expressarem seus sentimentos. No ritmo das alfaias do Maracatu Beleza Negra, do bairro de Rio Doce, em Olinda, o dia ganhou um tom contagiante de alegria. “Estou gostando muito de estar aqui, dançando e brincando com as outras pessoas”, aprovou a paciente Maria da Conceição Evangelista, internada na unidade de saúde há duas semanas.
     A iniciativa foi do Centro de Atividades Terapêuticas (CAT) que funciona no Ulysses Pernambucano há mais de 13 anos, promovendo ações de ressocialização dos pacientes, através de oficinas de música, dança, esportes, tapeçaria, entre outras. “Essas doenças como depressão e esquizofrenia geram defasagem na socialização, deixando os pacientes retraídos. A atividade artística em conjunto ajuda não só na ressocialização como também na recuperação da auto-estima”, defende a coordenadora do CAT, Elizabethe Rocha.
     A estudante de enfermagem Priscila Lima foi ao Ulysses Pernambucano prestigiar o evento. Além de se divertir com as atividades, lembrou que a iniciativa tem uma mensagem importante  na luta antimanicomial. “Eles não devem ficar encarcerados sem nenhum contato com o resto da sociedade. Muitos deles, quando estimulados e acompanhados, podem conviver normalmente na sociedade”. A programação no HUP começou ainda na quinta-feira (17/05) quando os internos assistiram, no auditório do hospital, ao fime “Uma Lição de Amor”, a história de um paciente com transtorno mental que luta para provar, na Justiça, que tem condições de contribuir para educação da filha.
    A luta anti-manicomial surgiu há cerca de 30 anos e contribuiu para mudar os serviços de saúde mental em todo o mundo. Se antes o tratamento era quase que inteiramente direcionado à remissão dos sintomas que causavam as doenças mentais, após a mobilização foram incorporadas diversas atividades terapêuticas, tornando mais complexo e mais humano o tratamento desses pacientes. “A nova proposta é não excluir o paciente de distúrbio mental da sociedade, e sim tratá-lo com a ajuda de atividades de saúde, artísticas e sociais aproximando-o da comunidade em que vive”, afirmou a diretora do Ulysses Pernambucano, Bemvinda Magalhães.