Pernambuco tem mais de sete mil pessoas na fila de espera por um órgão muitas delas aguardam durante anos pela doação. O mais triste da situação é saber que existem doadores em potencial que poderiam acabar com esse tipo espera, mas, por desconhecimento, muita gente esquece a importância do ato. Mudar esse comportamento é o grande desafio da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE) e Secretaria Estadual de Saúde (SES), que este mês lançou a campanha “A vida pode continuar. Seja um doador”, para estimular a doação de órgãos.

As ações da campanha são divididas em duas frentes: atividades educativas com a população e capacitações para profissionais da área de saúde.  Na última quarta-feira (13/06), na sede da CT-PE, no Derby (Rua Henrique Dias, s/n), houve uma palestra sobre a situação dos transplantes no Estado e também uma reunião de mobilização com as comissões intra-hospitalares de transplantes existentes em 29 hospitais públicos e privados de Pernambuco. O encontro foi aberto pelo secretário Jorge Gomes.

De acordo com as estatísticas da central, a queda neste ano chega a 27% em relação ao mesmo período do ano passado. Os pacientes que esperam doação de fígado estão em situação mais crítica: no primeiro trimestre do ano passado, foram realizados 19 transplantes, enquanto em 2007 ocorreram apenas duas doações. Já os transplantes de córnea tiveram redução de 56%. “O quadro é de gravidade e a queda nas doações ocorreu no Brasil inteiro. É que preciso mobilizar a sociedade e os profissionais de saúde para que possamos retomar o patamar normal de transplantes”, diz Cristina Menezes.

No mesmo dia, foi desenvolvido também um trabalho de conscientização da população. Durante toda a manhã, técnicos e profissionais da Central de Transplante participaram de uma panfletagem educativa com a distribuição de folders explicativos e canetas no Derby.

Na próxima semana, na terça-feira (19/06), às 8h30, a Central promove um debate sobre a interiorização dos transplantes, com profissionais e secretários de Saúde dos municípios do Interior do Estado. O evento será na sede da Sociedade de Medicina de Caruaru. Também na data, será montado estande no Marco Zero, bairro do Recife, e no Pátio do Forró, em Caruaru, com panfletagem e atração cultural.

E já que outro dos fatores de resistência ao ato de doar órgãos está relacionado com a religião, a campanha será encerrada com um ato ecumênico, realizado em Recife e em Caruaru no dia 25/06 (segunda-feira).

Para doar – O primeiro passo para o transplante deve ser dado pelo possível doador, ao informar a família sobre sua intenção de doar. No caso de morte encefálica (cérebro paralisa suas funções, mas o coração permanece batendo) do paciente, os parentes devem procurar o médico responsável para assinar um termo de doação. A partir daí, a central encaminhará o órgão para um receptor compatível. A decisão deve ser rápida, para que o transplante seja bem-sucedido. Vale salientar que o corpo do doador não fica mutilado, como muita gente pensa. É fundamental lembrar ainda que a idade não determina se alguém pode ou não ser um doador. Os pré-requisitos são os mesmos exigidos para um doador de sangue: não apresentar doenças contagiosas (a exemplo de hepatite e aids), câncer com metástase, leucemia e ter sido usuário de drogas. Mais informações sobre transplantes podem ser obtidas através do telefone 0800-281-2185.