O consumo excessivo de álcool e crises de ciúmes entre os casais, situações que ocorrem com maior intensidade e freqüência durante o Carnaval, podem desencadear agressões verbais, físicas ou até mesmo violência sexual contra as mulheres. Para que elas tenham um apoio psicológico, jurídico e médico durante 24 horas, com o fornecimento de pílulas do dia seguinte para casos de estupro, o Hospital Agamenon Magalhães, ligado à Secretaria Estadual de Saúde, dispõe do Serviço de Apoio à Mulher Wilma Lessa. Localizado em um edifício ao lado emergência do HAM, em Casa Amarela, o centro é uma referência estadual para mulheres vítimas de algum tipo de violência, seja sexual, psicológica, física e moral.

O local, cujo nome homenageia a jornalista pernambucana que lutou pela defesa das mulheres e pela implantação de delegacias especializadas, conta com um quadro de nove médicos, sete enfermeiras, cinco psicólogas e três assistentes sociais, equipe que foi ampliada recentemente. “O principal objetivo é acolher cada mulher e dar o apoio necessário nesse momento de dificuldade. Cada paciente é tratada de forma individual, pois cada caso é único”, afirma a coordenadora do Serviço, Maria do Carmo.

Com uma estrutura especializada, o Centro Wilma Lessa conta com a recepção onde é feito o primeiro contato com a assistente social, um consultório médico com sala de exame, um posto de enfermagem, sala de atendimento psicológico, quarto de repouso para as pacientes e o repouso dos profissionais plantonistas.

“Quando cheguei aqui estava totalmente desorientada, não sabia o que fazer, para onde ir. O atendimento foi bom e as pessoas aqui me ajudaram bastante”, diz a estudante M.F.N.B, de 18 anos, que foi agredida fisicamente pelo ex-companheiro.

As pacientes, além de receberem orientação sobre seus direitos, tratamento médico e psicológico, ainda passam por um acompanhamento para realização de exames no Instituto Médico Legal (IML) e para prestar queixa na Delegacia da Mulher. Caso elas desejem denunciar os agressores, o sigilo total das informações é garantido. O serviço inclui ainda os protocolos contra DST HIV, pílula do dia seguinte e aborto previsto em lei, tipos de serviço que são rigorosamente analisados pelos médicos e só podem ser utilizados em um prazo de 72 horas após a agressão.

O Serviço de Apoio à Mulher Wilma Lessa passou a atender também adolescentes e crianças do sexo feminino. Quando necessário, o centro orienta e encaminha para o Imip ou hospitais com a especialidade da pediatria. Além do trabalho de acompanhamento do estado físico e psicológico, o centro tem parcerias com a Defensoria Pública, que coloca à disposição um defensor público para prestar assistência jurídica em casos como requerimento de separação, guarda de filhos e pensão alimentícia.

O centro faz uma média de 140 atendimentos por mês. Desde de sua inauguração, em 18 de junho de 2001, já foram registradas 3.101 mulheres vítimas de agressões, tanto físicas, como sexuais ou psicológicas. “Um terço dessas mulheres retornam para continuar o acompanhamento, o que mostra a importância do atendimento humanizado”, informa Iesa Vilanova, assistente social do HAM. O telefone do Serviço de Apoio à Mulher Wilma Lessa é o 3267.1739 ou 1740.