Mais de 200 pessoas, entre jovens e experientes profissionais de saúde, reuniram-se na manhã de ontem (05/06), no auditório do Pronto-Socorro Cardiológico de Pernambuco (Procape), para debater formas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento das várias apresentações da meningite no Estado. O evento, promovido pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), foi uma maneira de criar multiplicadores dos conhecimentos obtidos no encontro para enfrentar a doença infecto-contagiosa.

Os participantes convocados para participar da capacitação receberam do gerente-geral de Assistência à Saúde, Tiago Feitosa, as boas-vindas para a ocasião. “Precisamos sensibilizar os profissionais com o intuito de impactar na diminuição da letalidade da meningite em nosso Estado”, afirmou. A preocupação do gerente-geral reside nos casos confirmados esse ano, que revelam, em sua opinião, um “paradoxo”. Até o momento, a meningite vitimou 40 pessoas, com 10 ocorrências de óbito em todo o Estado. No mesmo período do ano passado, foram registrados 47 casos e sete óbitos.

“Existe, portanto, um aumento da letalidade da meningite, apesar da diminuição do aparecimento de casos da doença no território pernambucano”, acrescentou. O evento fez parte da estratégia de enfrentamento de casos de doenças meningocócicas em Pernambuco realizada pela SES, dando enfoque nas questões relacionadas ao diagnóstico. Justamente o motivo que levou o pediatra e especialista em doenças infecto-contagiosas Frederico Melo, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), a comparecer ao encontro. “Também estou aqui para saber das novidades e reciclar meus conhecimento, para oferecer um atendimento melhor”, contou.

Já a técnica do serviço de epidemiologia Kilma Fábia da Silva, da III Gerência Regional de Saúde, disse que se motivou para ir ao evento pela mesma razão que a do médico. “Entretanto, precisamos olhar a questão da conscientização, para que possamos pensar na rapidez do atendimento e diminuir o risco de a meningite causar algum óbito”, acrescentou. Também Foram convidados para o evento representantes do Cremepe, Sindhospe e da Sociedade Pernambucana de Pediatria.

Após as boas-vindas, a gerente da Vigilância Epidemiológica, Zailde Carvalho, começou a discussões sobre a meningite, fazendo uma análise da situação da doença em Pernambuco. De acordo com ela, através de dados revelados em sua palestra, existe um aumento da taxa da letalidade da meningite em idades mais avançadas, nas quais está concentrada a menor quantidade de casos no Brasil. “O Nordeste não é um caso isolado e também segue essa mesma tendência do País”, afirmou.

Já a doutora Eulália Corte Real, da equipe do Núcleo de Epidemiologia do Hospital Correia Picanço, referência estadual para o diagnóstico e tratamento da meningite, procurou explicar todo o processo da doença no corpo humano, detalhando cientificamente. “Quanto mais rápido intervirmos, aumentam as chances do sucesso terapêutico, evitando, com isso, o óbito do paciente”, salientou. Ela também afirmou que, em um caso suspeito, o profissional não deve hesitar em começar o tratamento. “Antes que se prove o contrário, o caso pode ser de meningite”.

Dor de cabeça intensa, enjôos e vômitos são sintomas característicos da meningite. Causada principalmente por vírus ou bactéria, a doença é uma infecção nas meninges, membranas que recobrem boa parte do cérebro humano. Os especialistas aconselham a população a procurar rapidamente o tratamento..

Referência - O Hospital Correia Picanço é a referência estadual para o tratamento das doenças infecto-contagiosas no Estado. A unidade, localizada no bairro da Tamarineira, zona norte do Recife, oferece uma boa estrutura para a identificação da doença e para o tratamento do paciente, dispondo de um exame moderno que dá o diagnóstico da enfermidade em menos de 30 minutos. Com 23 leitos disponíveis para os pacientes, sendo 10 vagas para adultos e 13 para crianças, o hospital responde por cerca de 90% dos atendimentos a pacientes de meningite em Pernambuco. Além disso, uma equipe de infectologistas capacitados também está disponível para o tratamento, que pode durar de 7 a 14 dias.