Com o objetivo de discutir a rede pública de saúde, compreendendo todos os seus nuances, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) resolveu investir em conhecimento, trazendo para Pernambuco um dos maiores especialistas da área, o consultor Eugênio Villaça, ex-diretor da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS). Utilizando como mote a assistência materno-infantil, a oficina, que ocorreu de 25 a 27/06, reuniu cerca de 70 gestores do nível central da SES e das macro-regionais de Recife, Caruaru e Petrolina.

O consultor Eugênio Villaça, que veio ao Estado devido a uma parceria entre a SES e o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), explicou o seu conceito de rede de atenção à saúde, enfatizando que o sistema vigente precisa mudar. “Antigamente, as doenças prevalecentes eram as infecto contagiosa. Hoje em dia, em todo o Brasil, os casos mais predominantes são de diabetes, hipertensão, câncer, ou seja, de doenças crônicas que requerem um outro acompanhamento e tratamento”, afirmou.

Para o consultor, a rede de saúde em Pernambuco precisa passar por uma mudança qualitativa, saindo de uma lógica de oferta de serviços de saúde, para intensificar as ações em promoção, prevenção e reabilitação. “Estamos analisando, aqui, o caso da assistência materno-infantil e, apesar da quantidade, precisamos melhorar o serviço nos postos de saúde, além de assumirmos o compromisso de esclarecer os pacientes que outros serviços podem procurar na rede pública de saúde”, contou. No caso específico da assistência materno-infantil, Villaça acredita que 70% das mortes maternas em Pernambuco poderiam ser evitadas, desde que fosse melhorada a qualidade da maternidade e da atenção ao parto.

Exemplo concreto da aplicabilidade de uma nova rede pública de saúde, a cidade de Curitiba, capital do Paraná, possui dados excelentes (veja quadro abaixo) em relação à mortalidade materna e infantil. “Já o Estado de Pernambuco, infelizmente, ainda possui taxas muito elevadas”, classificou o consultor. Para ele, para que seja aplicada com sucesso uma reestruturação da rede no Estado, é necessário “um grande investimento financeiro e muita vontade política”. Os primeiros resultados, segundo Villaça, só poderiam ser sentidos a longo prazo.

Participante da oficina, a gerente de Atenção à Saúde da Mulher, Alessandra Fann, classificou como “essencial” o conhecimento obtido para uma mudança em sua área. “Não adianta criar políticas públicas sem ter uma rede bem definida e estruturada, para que possa absorver as demandas que vão surgir”, opinou.

Também presente ao evento, o gerente de Atenção à Saúde da Criança, Jailson Lopes de Souza, disse que a consultoria de Eugênio Villaça é imprescindível para questionar a funcionalidade da rede de saúde vigente. “Ele nos ajudou a repensar definições da rede que pareciam cristalizadas, como a questão do acesso e a má utilização dos serviços”, ressaltou. Já Luzanira Santa Cruz, gerente de Acompanhamento da Atenção Básica, também elogiou a vinda do consultor. “É o início do processo para desenhar uma rede de atenção à saúde em Pernambuco”.

Localização
Mortalidade materna
Mortalidade infantil
Curitiba
A cada 100 mil mulheres que dão a luz, apenas 20 morrem por complicação no parto.
Num grupo de mil recém-nascidos, somente 10 chegam a falecer.
Pernambuco
No grupo de 100 mil mulheres, 75 chegam a falecer por complicações no parto.
A cada mil recém-nascidos, 21 chegam a
Fonte: SES