A Secretaria Estadual de Saúde (SES), através da Apevisa (Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária), deu início ao Plano Estratégico para Vigilância de Bactérias Multirresistentes. O plano, cuja meta é intensificar as medidas de prevenção e controle desses microorganismos nas UTIs dos grandes hospitais (públicos e privados), terá como primeira ação um seminário no auditório do Hospital da Restauração, realizado no último dia 28/08.

Uma ação específica para as Unidades de Terapia Intensiva é especialmente importante porque, além de acomodarem pacientes bastante graves (e com baixa imunidade), nesses setores os pacientes são tratados com uma combinação de medicamentos fortes e complexos, o que torna os microorganismos resistentes. Isso se deve às mutações que as bactérias sofrem em seu código genético dentro das UTIs ao passarem por excessiva ação medicamentosa. De acordo com o gerente da Apevisa, Jaime Brito, as bactérias mais comuns nos setores de Terapia Intensiva são Staphilococcus, Pneumococcus e Enterococcus.

Brito explica que as bactérias podem ser levadas para o hospital por um paciente e, já na unidade, disseminarem para outros internados. “A maioria das bactérias são próprias do corpo e não fazem mal, então dizemos que o paciente está colonizado. Quando ela migra para uma região do corpo que não é a sua de origem, pode causar a infecção”. Ao detectar a presença de uma bactéria multirresistente, a Apevisa, em conjunto com o hospital, isola os pacientes colonizados dos demais. Somente quando todos os pacientes colonizados ou infectados tiverem alta da UTI é que pode ser feita uma desinfecção terminal, ou seja, uma esterilização mais minuciosa. Só então novos pacientes podem ser acolhidos no local.            

Participaram do seminário médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, auxiliares de enfermagem, técnicos da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do HR, acadêmicos e coordenadores da empresa de manutenção e limpeza do hospital. Eles foram orientados sobre critérios de coleta de material, esterilização de materiais cirúrgicos e análise laboratorial, entre outros. A idéia é que, além ficarem atentos às recomendações, os participantes atuem como agentes multiplicadores de informação dentro da unidade hospitalar.  

Entre os palestrantes do evento, estiveram presentes os médicos infectologistas Paulo Sérgio Ramos e Fátima Acioly, que falaram sobre "Definição, classificação, diagnóstico e tratamento das bactérias multirresistentes" e "Experiência com bactérias multirresistentes", respectivamente. A conclusão do evento será feita pela coordenadora estadual de controle de infecção hospitalar da Apevisa, Marilane Barros, que desenvolverá uma palestra sobre "Medidas de isolamento para contenção de surto com bactérias multirresistentes".