Um estudo desenvolvido no ambulatório de hipertensão do Hospital Getúlio Vargas avaliou 150 atendimentos em pacientes hipertensos realizados no serviço, entre o período de maio a julho de 2007, e demonstrou que um simples cuidado na hora da aferição da pressão arterial pode fazer a diferença no tratamento.

O critério utilizado na pesquisa obedece as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, elaborada em 2006 pelas Sociedades Brasileiras de Cardiologia, de Nefrologia e de Hipertensão e que diz que após 5 minutos de repouso em ambiente calmo, deverão ser realizadas pelo menos três medições, com intervalo de um minuto entre elas, sendo a média das duas últimas considerada a pressão arterial do indivíduo. Caso as pressões sistólicas (máxima) e/ou diastólicas (mínima) obtidas apresentem diferença maior que 4 mmHg entre elas, deverão ser realizadas novas medidas até que se obtenham medidas com diferença inferior ou igual a 4 mmHg, utilizando-se a média das duas últimas medidas como a pressão arterial do paciente hipertenso.

A pesquisa desenvolvida no HGV foi apresentada no XV Congresso da Sociedade Brasileira de Hipertensão, que ocorreu no Recife, de 16 a 18 de agosto, no Centro de Convenções, e mostrou que houve uma redução média de 5% na pressão sistólica (“máxima”) e de 4% na pressão diastólica (“mínima”) entre a primeira aferição e a média das duas últimas aferições dos pacientes hipertensos. “Se considerarmos os hipertensos mais graves, essa redução foi de 14 mmHg (7,25%) para a PA sistólica e de 5 mmHg (4,73) para a PA diastólica”, explicou Vanildo Guimarães, caridiologista e coordenador da pesquisa.

O resultado demonstra que se os critérios das V Diretrizes fossem aplicados pelos profissionais contribuiriam para um diagnóstico mais seguro e uma melhor qualidade do tratamento do paciente.

Hipertensão - A elevação da pressão arterial é provavelmente o mais importante problema de saúde pública. Ela é comumente assintomática, detectável, em geral facilmente tratável e, com freqüência, leva a complicações letais quando não tratada. Como não há cura para a doença, a detecção e o controle adequado e para a vida inteira são um dos grandes desafios que se coloca para a nossa saúde pública.

No Brasil, a SBH (Sociedade Brasileira de Hipertensão) estima que haja 30 milhões de hipertensos, cerca de 30% da população adulta. A prevalência também aumenta em grupos específicos, a exemplo dos pacientes da raça negra, idosos, obesos e diabéticos. Entre as pessoas com mais de 60 anos, mais de 60% têm hipertensão. No mundo são 600 milhões de hipertensos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). As doenças do aparelho circulatório foram as principais responsáveis pela mortalidade geral no ano de 1999 na cidade do Recife, sendo responsável por 31,4% dos óbitos. Em 1998, foram registrados 930.000 óbitos no Brasil. Desse total, as doenças cardiovasculares (DCV) foram responsáveis por 27%. Excluindo-se os óbitos por causas mal definidas e por violência, tal cifra aproxima-se de 40%.

Ensaios clínicos demonstram que o controle da pressão arterial está diretamente relacionado à redução de 25% da incidência de doença arterial coronariana (DAC), 40% de acidente vascular cerebral (AVC) e mais de 50% dos casos de insuficiência cardíaca (IC).

Estimativas da OMS alertam que 45% dos profissionais da saúde em todo o mundo não estão treinados a lidar com a hipertensão.


Preparo do paciente para a medida da pressão arterial
1. Explicar o procedimento ao paciente
2. Repouso de pelo menos 5 minutos em ambiente calmo
3. Evitar bexiga cheia
4. Não praticar exercícios físicos 60 a 90 minutos antes
5. Não ingerir bebidas alcoólicas, café ou alimentos e não fumar 30 minutos antes
6. Manter pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado
7. Remover roupas do braço no qual será colocado o manguito
8. Posicionar o braço na altura do coração (nível do ponto médio do esterno ou 4º espaço intercostal), apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido
9. Solicitar para que não fale durante a medida.