As 200 poltronas do auditório da Associação Médica de Pernambuco foram poucas para comportar os cerca de 500 profissionais de saúde que participaram na última terça-feira (30/01), pela manhã, da Reunião de Atualização Clínica sobre Sarampo, promovida pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Por causa da grande demanda de médicos e enfermeiros que vieram em busca da reciclagem de conhecimentos, foi disponibilizado o auditório da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), onde se realizou uma nova seção de palestras.

A reunião foi aberta pelos secretários-executivos de Assistência à Saúde e de Promoção à Saúde, Humberto Antunes e Cláudio Duarte, respectivamente. Ambas as autoridades enfatizaram a situação de alerta em que se encontram atualmente os sistemas de vigilância de Pernambuco, devido aos 44 casos de sarampo confirmados na Bahia, estado que faz fronteira com Pernambuco.

Segundo o secretário-executivo Cláudio Duarte, dados parciais da campanha de combate ao sarampo, iniciada no início desse mês, revelam que mais de 300 mil pessoas foram vacinadas no Estado. Ainda de acordo com ele, os números, que ainda estão sendo avaliados, deverão ser divulgados em breve.

“Com a campanha que fizemos, percebemos que o alerta dos sistemas de vigilância epidemiológica está surtindo efeito. Por onde passo, as pessoas estão perguntando questões técnicas sobre o sarampo, demonstrando certo interesse pelo assunto”, afirmou.

Durante toda a reunião, tanto na Apevisa quanto na Associação Médica de Pernambuco, foram abordados pelos palestrantes aspectos virológicos e epidemiológicos do sarampo, além de questões de infectologia e imunização da doença. Para que a discussão ganhasse um bom nível de qualidade, a Secretaria de Saúde de Pernambuco trouxe especialistas renomados, com trabalhos e pesquisas científicas na área.

“Nosso objetivo é o de sensibilizar os profissionais para a possibilidade de o sarampo entrar em Pernambuco. Conhecendo seus sintomas e tratamento, os profissionais deverão estar em alerta para os procedimentos adequados no caso de haver necessidade”, contou a coordenadora estadual de Vigilância das Doenças Exantemáticas, Lucilene Aguiar, que também se apresentou na ocasião.

Além de dados da situação do sarampo no mundo e, particularmente, no estado de Pernambuco, de 1980 a 2005, o evento contou com a apresentação da chefe da Enfermaria de Pediatria de Doenças Infecto-Contagiosas do Hospital Oswaldo Cruz, Ângela Rocha. Ela abordou os sintomas e formas que os profissionais deverão conduzir clinicamente os casos suspeitos, inclusive sabendo diferenciar das demais doenças exantemáticas, como rubéola e síndrome da rubéola congênita. Técnicos laboratoriais e do programa de imunização também explicaram questões relacionados ao sarampo em suas áreas.

Foram convidados agentes da comunidade científica do estado, entre profissionais e educadores em saúde dos grandes hospitais estaduais, privados e conveniados ao SUS, das onze Geres, secretarias municipais de saúde, universidades, gerências da SES que trabalham com casos de epidemiologia, e órgãos que lidam com a saúde pública em Pernambuco.

A próxima Reunião de Atualização Clínica sobre Sarampo deverá ser realizada no dia 07 de fevereiro, às 9h, na cidade de Petrolina, sertão de Pernambuco. O evento será promovido pela VIII Gerência Regional de Saúde, junto com a secretaria municipal de saúde.

Reunião também é encarada como aprendizado

Como o sarampo estava eliminado de Pernambuco há seis anos, alguns profissionais de medicina ou de enfermagem que se formaram nos últimos anos não assistiram nenhum paciente com a doença. Para se qualificarem no assunto, alguns deles encararam a Reunião de Atualização Clínica sobre Sarampo, promovida hoje (30/01), pela manhã, pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), como uma forma de aprendizado na área.

Em sua vida profissional, a enfermeira Kelly Pessoa, que veio do município de Bonito para a reunião, jamais atendeu um paciente com um quadro de sarampo. “Nós, profissionais novos, nunca tivemos contato com a doença. Apenas ouvimos falar dela nas aulas que tivemos e nos livros”, disse. “O evento poderá auxiliar nos conhecimentos práticos sobre o sarampo. Como se fosse uma receita, a reunião poderá nos ajuda a identificar e tratar rapidamente da doença, no caso de a gente precisar”.

Por outro lado, a médica Kiwisunny Galvão, coordenadora do Programa de Saúde da Família (PSF) de Igarassu, procurou na oficina aprofundar seus conhecimentos em epidemiologia, área científica de seu interesse. “Já trabalhei nessa área e, além de atualizar meus conhecimentos, vou repassar as informações coletadas para os profissionais do município, para que eles possam ficar em alerta”, contou.

Febre e manchas vermelhas (exantemas) são sintomas comuns tanto ao sarampo quanto à rubéola. Os novos profissionais em saúde, que nunca tiveram contato com a doença, puderam discutir eventuais dúvidas quanto aos procedimentos adequados para o diagnóstico seguro e cuidados com o paciente. O sarampo pode vir acompanhado de tosse, coriza e conjuntivite, enquanto a rubéola desenvolve gânglios (inchaços) atrás das orelhas.

Na reunião, também foi lembrada a necessidade da prevenção para manter Pernambuco longe do risco de contaminação, no caso de eventuais surtos em outras regiões. Para isso, devem ser vacinadas com a tríplice viral (que também combate a caxumba e rubéola) crianças com até 12 meses de vida, devendo receber um reforço entre os quatro e seis anos de idade. Adultos que não tenham recebido o reforço ou sequer a primeira dose também podem tomar a vacina e se prevenir.