Dando mais um passo para o processo de interiorização dos transplantes em Pernambuco, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) realizou na última terça-feira (19/06), em Caruaru, Agreste do Estado, uma série de ações para discutir a importância da doação de órgãos. Entre as atividades, um debate sobre o assunto na Sociedade de Medicina de Caruaru e panfletagem educativa no Marco Zero do município.

Junto a profissionais municipais de saúde da IV Gerência Regional de Saúde, representantes da SES e Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE) discutiram a necessidade da interiorização como forma de alavancar o número de doações de órgãos no Estado. O evento contou com a presença do secretário estadual de Saúde, Jorge Gomes e a coordenadora da Central, Cristina Menezes.

“Hoje, temos mais de sete mil pacientes na fila de espera da Central de Transplantes. Há potencial em doadores, mas falta o conhecimento da população sobre a importância do ato”, diz o Jorge Gomes. De fato, a espera poderia acabar se um maior número de pessoas aderisse à idéia. Em alguns casos, pacientes aguardam até sete anos para receber um órgão. E, para muitos, é tempo demais.

Em casos com o de Murilo Falcão, 44 anos, o tempo de espera pode ser decisivo. Sofrendo de problemas renais crônicos, ele tem de fazer sessões de hemodiálise três vezes por semana. Neste um ano em ele aguarda a doação, viu seu corpo definhar: dos 80 quilos que pesava antes, agora está com apenas 58 quilos.

Em comparação ao mesmo período de 2006, nos primeiros meses deste ano o número de doações de órgãos em Pernambuco caiu quase 30%. E embora a maior parte dos procedimentos no Estado seja feita no Recife, muitas cidades do Interior têm potencial para realizar o procedimento. Por isso torna-se importante que todos os municípios se envolvam para estimular o ato e, conseqüentemente, aumentar o número de transplantes.

A iniciativa de ontem faz parte da campanha “A vida pode continuar. Seja um doador”, que a Central de Transplantes lançou este mês. A primeira ação da campanha, aliás, foi a inauguração da Central de Transplantes de Caruaru, que está operando dentro do Hospital Regional do Agreste desde o dia 8 deste mês. A macro-regional de Caruaru, onde foi instalada a unidade, abrange 36 municípios, totalizando mais de um milhão de habitantes. A cidade já dispõe de uma boa estrutura hospitalar, com neurologista, equipe de transplantes e método gráfico para fazer a avaliação da morte encefálica.

E outras ações de interiorização também estão programadas para este ano. Em setembro, está prevista a inauguração de outra unidade da CTP, desta vez em Petrolina, na região do Vale do São Francisco. A região do Sertão do Pajeú também deverá receber ações da CTP ainda este ano, como campanhas locais para estimular a doação de órgãos.

PANFLETAGEM - Logo após o debate no auditório da Sociedade de Mediciona, foram realizadas atividades educativas no Marco Zero de Caruaru, com distribuição de panfletos educativos e apresentação dos artistas Mateus e Catirina. Abordando o público que passava pelo local, a dupla conseguiu convencer muita gente da necessidade de doar órgãos.

“Para que eu vou querer meus órgãos depois de morrer? Se tem gente precisando, eu tenho mais é que doar”, diz o motorista Damião Bezerra, que fez questão de parar no local para aprender mais sobre os transplantes.

Também no local, foram realizadas coletas de sangue para cadastro no Registro de Doadores de Medula Óssea (Redome). Diferente dos outros procedimentos, este transplante pode ser realizado em vida, consistindo apenas na retirada de uma parte do tutano da medula óssea que é transferido de um doador previamente selecionado por testes de compatibilidade com um paciente.