O tratamento da tuberculose faz parte da atenção básica oferecida pelos municípios através do atendimento nos postos de saúde. O combate à doença é feito com um tratamento rigoroso com duração de seis meses. Se o paciente não cumpre esse tratamento, a doença vai se tornando mais resistente ao antibiótico e as chances de cura diminuem.

Quando isso acontece vem a necessidade de internamento. O Hospital Otávio de Freitas é referência no Estado no tratamento da doença quando ela exige um acompanhamento intensivo dos médicos. A unidade dispõe de 61 leitos para o tratamento da doença, sendo 23 para mulheres e 38 para homens. Uma farmácia foi construída para atender exclusivamente pacientes do Setor de Tisiologia (tuberculose) e Pneumologia.

Como os pacientes internados têm um tempo médio de permanência de três meses dentro do HOF, eles contam com duas praças arborizadas e estruturadas com bancos - um espaço para tomar ar fresco, dedicar-se à leitura ou às conversas com visitantes, o que ajuda a humanizar o ambiente.

Desde sua fundação, o Hospital Otávio de Freitas foi direcionado para pacientes de tuberculose. A unidade de saúde começou a ser construída na administração do interventor Agamenon Magalhães, na década de 40, e se chamava Sanatório do Sancho. Situado em uma área privilegiada pelo ar seco e fresco das montanhas, contato direto com a natureza e longe da cidade, o lugar era ideal para o tratamento de pacientes com tuberculose e outras doenças respiratórias.

Naquela época ainda sem medicamentos tão eficazes quanto os atuais, o tratamento era mais difícil e o tempo de internamento, maior. Além disso, mesmo curados, muitos pacientes permaneciam no Sanatório do Sancho à espera dos familiares que nem sempre vinham buscá-los. A doença carregava com ela a marca do preconceito até mesmo de parentes dos pacientes. Diante disso, foram criadas, dentro do sanatório, olarias, carpintarias e escolas de costura e bordados para as mulheres, ou seja, estruturas para que os doentes aprendessem alguma arte e pudessem sobreviver após a alta. O sanatório dispunha até mesmo de escolas, com professoras contratadas pelo Estado, para as crianças internadas.

Trabalhando no HOF há mais de 40 anos, o pneumologista e chefe do Setor de Tisiologia do hospital, José Queiroga, comemora o avanço das drogas que ajudaram a diminuir o tempo de internamento do doente, mas ainda lamenta o abandono do tratamento por parte do paciente. "Em quatro anos, já recebemos 31 pacientes de MDR (Multi Droga Resistente). Eles apresentam resistência a, no mínimo, três drogas que combatem a doença. Nestes casos, o tratamento passa de seis meses para um ano e meio e o custo sobe de R$ 100,00 para R$ 3mil".