As últimas notícias sobre o quadro de saúde de Fausto Silva, o Faustão, preocuparam quem acompanha a trajetória do apresentador de 73 anos. Em tratamento de uma insuficiência cardíaca desde 2020, Faustão foi internado no início deste mês num hospital de São Paulo, onde se encontra sob cuidados intensivos e, em virtude do agravamento do quadro, houve indicação para transplante cardíaco. O ex-apresentador da TV Globo foi incluído na fila de transplantes do Sistema Único de Saúde (SUS).  

 

A fila de transplantes no Brasil é única. Cada estado tem a sua, porém, os dados são enviados ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT), responsável pela regulamentação, controle e monitoramento do processo de doação e transplantes realizados no país através do SUS. A prioridade para receber cada órgão ou tecido depende de critérios que levam em consideração tempo de espera, gravidade, tipo sanguíneo, compatibilidade, peso e localização geográfica. Atualmente, cerca de 65 mil pessoas aguardam na fila de transplantes no Brasil; 386 delas à espera de um coração.

  

De acordo com o enfermeiro Lucas Stterphann, gerente da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes – CIHDOTT, do Hospital Miguel Arraes (HMA/FGH), a doação de órgãos sólidos só é possível, no país, em casos de morte encefálica e com autorização da família do paciente.  No entanto, no caso do coração, além disso, a luta é contra o tempo: “o coração e o pulmão são os dois órgãos que menos tempo podem esperar. O tempo de isquemia, ou seja, o tempo entre a retirada do órgão do doador e o transplante no receptor, não deve exceder quatro horas. O ideal seria que as duas cirurgias fossem realizadas quase que ao mesmo tempo”, explica.

 

Vale salientar que nesse período entre a doação e o transplante, exames são realizados tanto nos doadores quanto nos receptores para avaliar as condições do órgão e o quadro clínico de quem será submetido ao transplante para evitar possível rejeição. Contudo, o resultado é animador: cerca de 95% dos indivíduos que tiveram um transplante de coração têm sua capacidade substancialmente melhorada para realizar exercícios físicos e atividades diárias em comparação ao período anterior ao transplante. 

 

Em busca desse sucesso é que conscientizações são feitas, diariamente, por equipes de CIHDOTTs nas unidades de saúde em busca de doadores de órgãos e tecidos. “Não existe ‘pé de coração’, uma árvore de onde brotam órgãos. É necessário aguardar o consentimento de uma família num momento de luto para que haja a doação. E sem a doação não existe transplante”, enfatiza Stterphann. É esse trabalho que a CIHDOTT realiza e que começa na porta do hospital junto a familiares de pacientes em estado crítico, para que negativas deem lugar a aceitações, e vidas como a de Faustão sejam preservadas.