Chegou ao fim, na manhã desta quinta-feira (30/12), o último capítulo da história de um dos maiores manicômios do País. O Hospital Psiquiátrico José Alberto Maia, localizado em Camaragibe, foi oficialmente descredenciado do SUS, durante evento que reuniu representantes do município, da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e do Ministério da Saúde (MS). O processo de desocupação da unidade foi encerrado na tarde de ontem (29/12), quando o último paciente foi transferido.

No total, 536 pacientes foram transferidos da unidade. Desse total, 48% foram para centros de desinstitucionalização localizados em Aldeia, 25% foram para outros hospitais psiquiátricos e 20% estão em residências terapêuticas. “Esse é o primeiro passo desse grande trabalho. Mas, nos comprometemos a não descansar até que todos os pacientes tenham sido transferidos dos centros de desinstitucionalização. Esse é um compromisso nosso”, avisou a gerente de Atenção à Saúde Mental da SES, Marcela Lucena.

Além dos representantes da SES, MS e Prefeitura de Camaragibe, também estiveram presentes no evento, familiares e antigos pacientes do Hospital Alberto Maia. Eles aproveitaram a oportunidade para comentar da vida em um dos principais hospitais psiquiátricos do País. Há cinco anos vivendo em uma residência terapêutica, Agnaldo Ferreira, de 43 anos, viveu durante 24 anos na unidade. “Lá era muito ruim. Tinha várias mortes todos os dias. Hoje sou mais feliz, pois tenho liberdade para fazer tudo que preciso”, confessou.

HISTÓRICO – Essa mudança foi necessária após a constatação da falta de condições físicas do hospital e de higienização dos usuários, além das diversas violações de direitos humanos diagnosticadas no local. O Hospital José Alberto Maia teve suas portas fechadas para a entrada de novos pacientes em 2002. Já o processo de desinstitucionalização foi iniciado em 2010, unindo os esforços das esferas federal, estadual e municipal.

O objetivo era diminuir o índice de óbitos no local, melhorar a assistência e acelerar os encaminhamentos dos pacientes para outros serviços de referência ou possibilitar o retorno ao convívio familiar. Até o momento, o Estado já repassou mais de R$ 5,5 milhões para tornar o processo de realidade.

Além de dar apoio técnico-financeiro para o descredenciamento do hospital, a SES vem apoiando a implantação das redes municipais de saúde mental, com a organização de serviços substitutivos como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), que somam 64 unidades em Pernambuco.