As equipes de Pneumologia e Broncoscopia do Hospital Otávio de Freitas (HOF) realizaram, pela primeira vez, a lavagem pulmonar total (LPT), procedimento terapêutico de alta complexidade, utilizado para tratar a proteinose alveolar pulmonar (PAP), uma síndrome rara, caracterizada pelo acúmulo de material lipoproteináceo nos alvéolos, o que prejudica a captação de oxigênio e causa insuficiência respiratória.

A médica Manuela Pitanga, pneumologista especialista em broncoscopia, explica que a eficácia do procedimento consiste na remoção do material lipoproteináceo acumulado por meio da lavagem. “Realizamos infusões seriadas de cerca de 1 litro de solução salina aquecida, seguidas de manobras de tapotagem para emulsificação do material depositado no pulmão e então drenamos esse material. O procedimento é repetido até que haja retorno limpo do material drenado. Nesse caso, foi lavado o pulmão direito que era o mais comprometido e foram utilizados 10 litros de solução salina”, diz.

“Para que o procedimento seja feito, primeiramente, precisamos da ventilação monopulmonar, isto é, colocamos um tubo orotraqueal duplo lúmen para isolar um pulmão, que será ventilado, enquanto o outro será “lavado”, complementa a especialista.

A paciente que recebeu o tratamento, uma mulher de 57 anos, natural da cidade de Passira, teve o diagnóstico de proteinose alveolar pulmonar (PAP) confirmado pelo ambulatório de Doenças Intersticiais do HOF, após análise de material coletado via broncoscopia. 

Ao todo, a lavagem pulmonar total (LPT) durou cerca de 3h30 e contou com a atuação de uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. “Estamos muito felizes e satisfeitos com o resultado. O pessoal todo do bloco do HOF foi incrível. Todos empenhados, se revezando durante a operação”, comemora a especialista Manuela Pitanga, que esteve à frente da ação junto à médica Bruna Rocha, também pneumologista e broncoscopista da unidade.

Após a LPT, a paciente foi encaminhada para a UTI respiratória e foi liberada da ventilação mecânica cerca de 5h depois, seguindo para a enfermaria, sem necessidade de oxigênio.