Um dos importantes fatores para qualidade de vida e manutenção da saúde do corpo e da mente é o sono. É durante as horas de sono diárias que o corpo se reorganiza e restaura suas funções. Dormir bem é fundamental para o equilíbrio orgânico, pois quem não dorme bem está vulnerável a infecções, alterações da pressão arterial, a diabetes não controlada, além de estar mais suscetível a queda da imunidade, alterações de humor e saúde mental, entre outros. Este mês de março é o mês alusivo (Semana Nacional de 11 a 17) a realização de atividades voltadas para promoção da saúde com foco na qualidade do sono. Em Pernambuco, é possível encontrar tratamento no Hospital Otávio de Freitas (HOF) que é referência estadual em medicina do sono, onde é possível identificar os distúrbios mais comuns, como identificá-los e buscar tratamento especializado. A unidade também realiza acompanhamento de crianças e adultos com a Síndrome de Down.

O Hospital Otávio de Freitas (HOF) oferta atendimento especializado em medicina do sono para pacientes adultos que apresentam algum distúrbio, como apneia obstrutiva, insônia, ronco, entre outros. Entre os tratamentos oferecidos pela equipe do ambulatório do sono está o acompanhamento de casos de apneia obstrutiva do sono, desde seu diagnóstico, com laboratório de polissonografia (exame que monitora o paciente ao longo de uma noite de sono, por meio de sensores) até o tratamento de pacientes mais graves que precisam usar o CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas).

Entre os grupos mais vulneráveis a desenvolver algum distúrbio ligado ao sono estão as pessoas com obesidade, os idosos e os indivíduos que não respiram bem por alguma alteração de via aérea superior ou doença pulmonar. Pessoas com Síndrome de Down estão em risco elevado pelas características desta condição genética, como hipotonia muscular e alterações da estrutura crânio facial.

“Entre os distúrbios mais comuns na população estão a insônia, a apneia obstrutiva do sono e o sono insuficiente, que significa dormir menos do que precisa. A sensação de sono não reparador, baixa produtividade na vigília (quando se está acordado), a presença do ronco servem de alerta para buscar um especialista. Por outro lado, dormir em horários regulares, dormir por pelo menos 6 horas e a exposição à luz natural pela manhã ajudam a sincronizar o ritmo do sono”, destaca a médica especialista em sono e pneumologista do Hospital Otávio de Freitas, Danielle Clímaco.

A especialista, que também é coordenadora clínica do Programa de Terapia com CPAP/ BIPAP da unidade, reforça ainda que o sono de qualidade previne a Síndrome de Burnout, que é o esgotamento ligado às atividades de trabalho, contribui para a proteção da saúde mental, aliando-se a outros pilares de sustentação da saúde, como a boa nutrição e a realização de atividade física. “A qualidade do sono deve ser valorizada, pois é essencial para boa performance no aprendizado, quanto no trabalho”, disse.

A paciente Hildete Andrade começou a usar o CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas) há menos de um ano e já nota a mudança no padrão da noite de sono. “Eu já tenho histórico de cansaço e não conseguia dormir. Era realmente uma noite inquieta, ficava sobressaltada e hoje, foi através do uso do CPAP que eu melhorei quase 100%. Passei a usar o aparelho em agosto de 2023 e hoje minha vida é bem melhor que antes. Foi através do acompanhamento da equipe que também descobri que roncava o que também deixava minha noite de sono péssima”, contou.

Para o acesso ao atendimento, os pacientes precisam ser encaminhados pela Atenção Primária (serviços municipais) para o atendimento inicial no ambulatório de pneumologia da unidade, e em sendo identificado a presença de algum distúrbio ligado ao sono, estes pacientes são direcionados para o tratamento especializado.

O Hospital Otávio de Freitas conta também com o Programa de Residência em Medicina do Sono, voltado para formação de novos profissionais especialistas no tema há 10 anos.

SÍNDROME DE DOWN – O Dia Mundial da Síndrome de Down acontece neste dia 21 de março, é uma data de conscientização global sobre o tema e o desenvolvimento de ações de promoção à saúde.

Na Síndrome de Down, a prevalência de apneia obstrutiva do sono é elevadíssima, assim como outros agravos respiratórios. No setor de Pneumoterapia do Hospital Otávio de Freitas existe um ambulatório específico para assistência dos distúrbios respiratórios na Síndrome de Down, que representam a principal causa de morbimortalidade nessa população. Esses problemas incluem não somente a apneia do sono, mas as pneumonias graves e recorrentes, a asma, entre outros. Os atendimentos especializados começaram em 2020 e, atualmente, a equipe realiza o acompanhamento de 90 crianças e adolescentes com Síndrome de Down.

No local, há dois anos, também são realizados atendimentos junto à população formada por adultos, realizando o acompanhamento de 40 pacientes para avaliação de distúrbios respiratórios do sono, especialmente apneia obstrutiva do sono.

“Como na Síndrome de Down ou Trissomia do Cromossomo 21, há alteração na estrutura craniofacial e maior hipotonia muscular, a chance é grande de ter apneia obstrutiva do sono. Esta condição é caracterizada por colapso recorrente da via aérea superior, com queda da oxigenação e despertares do sono. Isso ocasiona sono de má qualidade e prejuízo no crescimento, controle metabólico (de peso inclusive) e desenvolvimento cognitivo. Portanto, é extremamente importante que os pacientes sejam avaliados desde a infância e ao longo da vida, pois a prevalência da apneia do sono é alta nessa população”, ressaltou a médica pnemopediatra e especialista em Síndrome de Down do Otávio de Freitas, Francylene Malheiros.