Depois do Outubro Rosa e da Saúde do Homem, o Dezembro Vermelho é o tema dos podcasts produzidos pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) para este mês. Um hotsite temático já está no ar - dezembrovermelho.net - e com dois programas disponíveis. Ao todo, serão quatro produções disponibilizadas, abordando os 40 anos da pandemia, a vivência com o HIV, os estigmas sociais e o cenário atual.

O primeiro programa trata dos 40 anos da Aids, a evolução do tratamento e o impacto da pandemia na comunidade LGBT. Participam o médico e sanitarista François Figueiroa e a psicóloga Bethânia Cunha, ambos da Clínica do Homem do Recife, e o infectologista Vicente Vaz. Já o segundo aborda a vivência com o HIV, com explanação sobre o acesso ao tratamento gratuito, expectativa de vida e comorbidades e os medos de quem vive com o vírus. O infectologista Bruno Ishigami e a militante da causa Alessandra Nilo dividem as falas com pacientes.

Os próximos podcasts abordam as marcas e estigmas da doença (16/12) e o cenário atual (23/12). Além de psicólogos, infectologistas e assistente social, participam pacientes e militantes da causa. "Diante do preconceito, as pessoas custam a acreditar que são portadoras do vírus HIV e isso faz com que elas levem muito tempo a aceitar e buscar atendimento. Isso tem um impacto muito grande na condição de transmissão da doença para outras pessoas e do próprio indivíduo, que deixa de procurar atendimento e a doença vai evoluindo silenciosamente ao longo dos anos", diz a infectologista Pollyana Monteiro, reforçando a importância de debater o tema.

O website também traz a rede de referência para fazer o teste para detecção do vírus (Centro de Testagem e Aconselhamento – CTA) e as unidades de referência para o tratamento (Serviços de Assistência Especializada em HIV/Aids – SAE). "O que vale, agora, é a gente como sociedade se unir e integrar. Não é combater só a doença, é combater o preconceito, que é algo que atrapalha muito nosso desenvolvimento em questão da sociedade. Como médico vejo essa possível evolução como um ponto muito positivo", ratifica o infectologista Rafael dos Anjos.

PREVENÇÃO - O Programa Estadual de IST/Aids/HV da SES-PE pontua que, além de falar sobre a aids e o HIV, é preciso relembrar a importância da prevenção, com o uso do preservativo peniano ou vaginal em todas as relações sexuais. Ambos, além do gel lubrificante, são disponibilizados gratuitamente de rotina nos serviços de saúde.

O SUS também oferta a profilaxia pré-exposição do HIV (PrEP). Trata-se da combinação de dois medicamentos (tenofovir + entricitabina), em um único comprimido, que bloqueiam alguns “caminhos” que o vírus usa para infectar o organismo. Para que a medicação possa impedir que o HIV se estabeleça e se espalhe pelo corpo é preciso fazer uso diariamente. Para receber a medicação profilática, o paciente precisa estar cadastrado em algum serviço que disponibilize a PrEP, podendo ser no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), Hospital das Clínicas (HC) ou no CTA/SAE de Caruaru, e comparecer a consultas periódicas para acompanhamento.

Ratifica-se, ainda, que essa é uma ferramenta que deve ser utilizada de forma combinada, sem excluir ou substituir as outras opções existentes, como o uso de preservativo, já que existem outras infecções sexualmente transmissíveis que precisam ser evitadas, como a sífilis e as hepatites virais.

DADOS - Em 2019, foram notificados 915 casos de aids em Pernambuco. O quantitativo representa uma diminuição de 29% em relação a 2015, quando foram registrados 1.286. A queda é um reflexo do acesso ao tratamento e também da testagem rápida para o HIV. Apenas em 2019, foram mais de 704 mil testes rápidos encaminhados às cidades pernambucanas. Em 2015 foram 317 mil, uma ampliação de 122%.

Entre 2015 e 2019 foram registrados 5.676 casos de Aids em Pernambuco. De acordo com o boletim epidemiológico do Programa Estadual de IST, 67% foram em pessoas do sexo biológico masculino. Do total de casos, cerca de 55% foram no público entre 20 e 39 anos.

Em relação ao HIV, foram diagnosticados 3.693 casos em 2019, um aumento de 60% em relação a 2015 – 2.302. No acumulado dos cinco anos foram 14.538 notificações, 65% na faixa etária dos 20 aos 39 anos. Do total, 67% foram em pessoas do sexo biológico masculino.