O Estado de Pernambuco conta com 9.473.266 habitantes, sendo que 4.214.000 são de trabalhadores ativos, ou seja 44,5% da população do Estado é economicamente ativa, destaca a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE). Pensando em instrumentalizar os profissionais da rede de saúde para intervenções em vigilância em saúde dos trabalhadores, a Gerência de Vigilância em Saúde Ambiental e do Trabalhador (GVSAT) e Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Pernambuco (Cerest) lançaram, na última terça-feira (27/10), o relatório intitulado “Perfil Produtivo e Epidemiológico dos Trabalhadores de Pernambuco”. O documento completo pode ser acessado no http://vigilanciatrabalhadorpe.blogspot.com/
O perfil produtivo é capaz de produzir informação e conhecimento sobre o processo saúde-doença de trabalhadores e sua relação com o trabalho e a população em geral com os diversos processos produtivos em determinada localidade. O documento foi elaborado a partir do Relatório Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério da Economia e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), e de dados provenientes de questionários formulados pelo Cerest estadual, respondidos e validados em oficinas com as Regionais de Saúde e respectivos municípios.
As análises levam em conta os agravos de notificação em saúde do trabalhador, que são os agravos de notificação universal e as doença sentinela. Os agravos universais são de notificação compulsória em todas as unidades e serviços de saúde e incluem os acidentes de trabalho, acidentes com exposição a material biológico e as intoxicações exógenas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados).
Já os agravos de notificação sentinela são notificados principalmente em unidades de saúde especializadas, e são compostos pelas doenças relacionadas ao trabalho elencadas pelo Ministério da Saúde, tais como: câncer relacionado ao trabalho; dermatoses ocupacionais; Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares relacionadas ao trabalho (LER/Dort); Perda auditiva induzida por ruído (Pair); Pneumoconioses e Transtornos mentais relacionados ao trabalho.
DADOS - Entre os anos de 2007 e 2018, Pernambuco registrou 29.789 agravos universais, sendo 17.263 acidentes com exposição a material biológico, 10.556 acidentes de trabalho e 1.970 Intoxicação exógena relacionada ao trabalho. Os acidentes de trabalho com exposição a material biológico concentraram a maior quantidade de notificações no estado no período analisado, representando 58% dos casos.
No mesmo período, as notificações para os seis tipos de doenças consideradas sentinelas em Pernambuco foram de 4.853 casos, sendo, 4.012 LER/Dort, 700 de transtornos mentais, 65 de Pneumoconiose e 45 de Dermatose, Pair com 21 casos e 8 de cânceres.
“Em Pernambuco, existe uma diversificação de atividades econômicas que por vezes estão concentradas em um território específico e em outros momentos são disseminadas em várias regiões, tornando essa leitura complexa e diferenciada. Cada atividade laboral desempenhada nos dá elementos socioeconômicos que trazem vulnerabilidades e riscos ao trabalhador, e atuam diretamente no perfil de morbimortalidade da população. Analisar o perfil produtivo e epidemiológico nos proporciona a visualização desses cenários relacionados às atividades produtivas nas regiões de saúde”, destaca a coordenadora do Cerest Estadual, Tathiane Sá.
Para traçar o perfil produtivo dos trabalhadores, foram encaminhadas para as 12 Gerências Regionais de Saúde (Geres) um questionário, que por sua vez foi retransmitido para os municípios de abrangência de cada região. A finalização desse documento resultou nos seguintes tópicos: caracterização socioeconômica, caracterização produtiva e caracterização do perfil de adoecimento relacionado ao trabalho.