Pernambuco reuniu hoje (19/05), durante todo o dia, especialistas de todo o Nordeste para discutir um grave problema de saúde pública para toda a região – a hanseníase. No Mar Hotel, em Boa Viagem, o secretário Jorge Gomes abriu a oficina “hanseníase: comunicação e educação em saúde”, que recebeu 70 coordenadores, estudiosos e técnicos para elaborar um panorama da doença e traçar formas mais efetivas de combatê-la. O evento, realizado pelo Ministério da Saúde, através da Secretaria de Vigilância em Saúde, prossegue até a próxima quarta-feira (21/05).

“A hanseníase apresenta indicadores que nos preocupa e, por isso mesmo, estamos trabalhando para reverter o caso. Nesse sentido, este evento será de grande importância”, ressaltou o secretário Jorge Gomes, durante a abertura do encontro. No Nordeste, o Estado ocupa o terceiro lugar, atrás de Maranhão e Piauí. No ano passado, foram confirmados 2.870 casos de hanseníase em Pernambuco. São 3,34 registros da doença por 10 mil habitantes. O limite máximo, estipulado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é de menos de 1 caso por 10 mil habitantes

O encontro está dando um enfoque especial à comunicação, uma vez que a informação é um instrumento precioso para a prevenção e também eliminar o preconceito. “Nessa oficina, queremos pensar boas estratégias de comunicação, para que possamos atingir eficientemente as pessoas. Aperfeiçoando o nosso trabalho e divulgando os sintomas e a oferta de tratamento da hanseníase, vamos tentar diminuir os casos da doença dentro de cada estado e, conseqüentemente, em toda a região”, justifica a coordenadora Andréa Torres, coordenadora estadual de Controle à Hanseníase.

Segundo ela, um dos fatores que dificultam o diagnóstico da hanseníase é a lenta manifestação da doença. Apresentando pequenas manchas no corpo, ela é freqüentemente confundida com impigem ou pano branco. “Por causa disso, as pessoas deixam de procurar rapidamente um atendimento médico”, ressalta a coordenadora. “A doença vai comprometendo os nervos periféricos, com perda ou diminuição da sensibilidade no local da mancha. Quanto mais cedo o paciente entra no tratamento, mais rápida é a sua cura”, explica. Quem suspeitar de hanseníase deve procurar um posto de saúde mais próximo. O Hospital da Mirueira, em Paulista, é referência estadual no atendimento à pacientes com a doença.

Outra preocupação é o monitoramento das pessoas em contato com pacientes. Os parentes e amigos que convivem com o doente têm de participar também do tratamento, porque podem contrair a hanseníase mais facilmente, já que estão em contato diário com o paciente.
Nacional – O Brasil é o responsável pela manutenção da endemia da hanseníase no continente americano, com uma participação de 95 % dos casos novos na região. O Nordeste concentra a maior parte dos casos. Em 2006, 998 municípios brasileiros notificaram pelo menos um caso de hanseníase. Destes, 384 estão em situação de alerta máximo. Nos últimos cinco anos, a média de casos novos de hanseníase se manteve em 47 mil por ano, dos quais 7% já apresentavam doença avançada e 20% o desenvolvimento de incapacidade futura, em decorrência de pés e ou mãos dormentes. Apesar de contar com tratamento e cura, os casos diagnosticados tardiamente exigem acompanhamento longo nos serviços de saúde, tanto da atenção básica como nas áreas de reabilitação, de média e alta complexidade.

Hanseníase

O que é?
A hanseníase é uma doença infecciosa e contagiosa causada por um bacilo denominado Mycobacterium leprae. Não é hereditária e sua evolução depende de características do sistema imunológico da pessoa que foi infectada.

Qual o microrganismo envolvido?
Mycobacterium leprae – um parasita intracelular que apresenta afinidade por células cutâneas e por células dos nervos periféricos.

Sinais e sintomas
- Sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades;
- manchas brancas ou avermelhadas, geralmente com perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato;
- áreas da pele aparentemente normais que têm alteração da sensibilidade e da secreção de suor;
- caroços e placas em qualquer local do corpo;
- diminuição da força muscular (dificuldade para segurar objetos).

Como se transmite?
Os pacientes sem tratamento eliminam os bacilos através do aparelho respiratório superior (secreções nasais, gotículas da fala, tosse, espirro). O paciente em tratamento regular ou que já recebeu alta não transmite. A maioria das pessoas que entram em contato com estes bacilos não desenvolvem a doença. Somente um pequeno percentual, em torno de 5% de pessoas, adoecem. Fatores ligados à genética humana são responsáveis pela resistência (não adoecem) ou suscetibilidade (adoecem). O período de incubação da doença é bastante longo, variando de três a cinco anos.

Como tratar?
A hanseníase tem cura. O tratamento é feito nas unidades de saúde e é gratuito. A cura é mais fácil e rápida quanto mais precoce for o diagnóstico. O tratamento é via oral, constituído pela associação de dois ou três medicamentos e é denominado poliquimioterapia.

Como se prevenir?
É importante que se divulgue junto à população os sinais e sintomas da doença e a existência de tratamento e cura, através de todos os meios de comunicação. A prevenção baseia-se no exame dermato-neurológico e aplicação da vacina BCG em todas as pessoas que compartilham o mesmo domicílio com o portador da doença

Fonte: Biblioteca Virtual em Saúde (Ministério da Saúde)