Atenta ao surto de doença de Chagas aguda no município de Ibimirim, no Sertão pernambucano, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) reúne, nestas quinta-feira (06.06) e sexta-feira (07.06), profissionais de vigilância em saúde de várias regiões de Pernambuco, além da área técnica do nível central do órgão, para discutir os principais aspectos epidemiológicos da enfermidade, causada pelo protozoário Tripanossoma cruzi, cujo vetor é o triatomíneo (barbeiro). O debate, que faz parte do 1º Curso Básico de Vigilância de Doenças Relacionadas à Pobreza, promovido pela SES, será ministrado em parceria com técnicos convidados do Ministério da Saúde. A programação acontece, durante toda esta quinta-feira, no Recife Praia Hotel, no Pina.

No primeiro dia, o grupo discutiu pontos importantes relacionados à situação epidemiológica da doença de Chagas, uma das oito enfermidades monitoradas pelo Programa Sanar, desenvolvido pela SES com o objetivo de reduzir ou eliminar, enquanto problema de saúde pública, doenças negligenciadas no Estado. "O curso busca orientar os profissionais saúde, principalmente aqueles diretamente envolvidos com as ações de vigilância dos municípios, sobre as estratégias prioritárias no Sanar em relação ao combate da doença de Chagas. Também devemos instruir as gestões municipais sobre os indicadores de acompanhamento da enfermidade para que, dessa forma, os municípios possam desenvolver as ações certas em tempo oportuno", pontua a secretária executiva de Vigilância em Saúde da SES, Luciana Albuquerque.

No segundo dia de discussão, os profissionais ficarão imersos em atividades práticas voltadas à vigilância entomológica, ou seja, a vigilância do vetor da doença, o conhecido barbeiro. “O intuito do curso é qualificar os técnicos do nível central e regional da SES que atuam no Programa Sanar, para que as ações realizadas junto aos municípios sejam ainda mais efetivas, em especial o assessoramento técnico e as atividades de campo, incluindo as de controle vetorial”, ressalta a superintendente do Programa Sanar, Marcella Abath. A primeira etapa 1º Curso Básico de Vigilância de Doenças Relacionadas à Pobreza, iniciado na última segunda-feira (03.06), segue até esta sexta. Já a segunda fase acontecerá de 17 a 21 de junho.

Atualmente, 22 municípios pernambucanos são considerados prioritários para Chagas no Plano de Enfrentamento (2019-2022) às Doenças Negligenciadas e Relacionadas à Pobreza da Secretaria Estadual de Saúde. A Vigilância em Saúde da SES coordena, entre várias ações, o acompanhamento dos casos crônicos atendidos nos serviços de referência, o monitoramento das localidades de risco e a qualificação do diagnóstico. “Para este quadriênio, a inovação será na implantação do assessoramento técnico pela SES às gestões municipais e aos profissionais de saúde da atenção básica dos municípios prioritários. Também continuaremos a intensificar, nestas localidades, o controle vetorial, garantindo que o município esteja vigilante ao vetor e, quando necessário, montando uma força-tarefa na região. A SES também investe na educação em saúde sobre a enfermidade, principalmente nas escolas, além de apoiar os municípios na aquisição de insumos estratégicos”, reforça a Superintendente do Sanar.

CHAGAS  – A enfermidade é causada pelo protozoário Tripanossoma cruzi, cujo vetor é o triatomíneo (conhecido como barbeiro). Outra forma de transmissão é por meio de alimentos contaminados pelo Tripanossoma cruzi. Entre os sintomas, febre contínua, intermitente e prolongada por cerca de 7 dias; edema de face ou de membros, exantema (manchas vermelhas na pele), adenomegalia ( inchaço de gânglios), hepatomegalia (inflamação do fígado), esplenomegalia (inflamação no baço), cardiopatia aguda, manifestações hemorrágicas, icterícia, náusea, astenia (perda ou diminuição de força física), mialgia (dor nas articulações) sinal de Romanã (edema inflamatório nas pálpebras) ou chagoma de inoculação (edema inflamatório na pele); dor epigástrica (abdominal). O tratamento para a doença de Chagas é feito com o medicamento Benzonidazol, produzido exclusivamente no mundo pelo Lafepe.

SANAR – Desde 2011, o Governo do Estado vem intensificando a vigilância e controle das doenças negligenciadas, por meio do Programa Sanar da SES, que credita Pernambuco como o primeiro Estado brasileiro a desenvolver um programa específico para enfrentamento a essas enfermidades, que atingem, principalmente, as populações mais carentes. O objetivo da iniciativa é reduzir ou eliminar, enquanto problema de saúde pública, as seguintes doenças transmissíveis negligenciadas: esquistossomose, geo-helmintíases, Chagas, filariose linfática, leishmaniose visceral, tracoma, tuberculose e hanseníase. As ações de vigilância e controle são realizadas de forma transversal e integradas à atuação das equipes de saúde da família, buscando concentrar esforços na atenção primária para detecção precoce e tratamento adequado das pessoas.